Na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, 25, o Banco Central (BC) registrou que “o Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar desempenho próximo da estabilidade no segundo trimestre” deste ano. Os membros do colegiado avaliaram ainda que houve interrupção do processo de recuperação da economia nos últimos trimestres.
“Essa interrupção fica nítida quando se adota perspectiva um pouco mais longa, que sugere ter havido uma mudança na dinâmica da economia após o segundo trimestre de 2018”, disse o BC. “Sob essa perspectiva, a recuperação da atividade econômica, que ocorria em ritmo gradual até então, perdeu ímpeto.”
O BC registrou ainda, na ata, que houve leve recuo do PIB no primeiro trimestre deste ano, em função da perda de dinamismo e de alguns choques pontuais. Agora, no segundo trimestre do ano, a visão do BC é de que o PIB ficará perto da estabilidade.
De acordo com a ata, o cenário do Copom contempla retomada do processo de recuperação da economia brasileira adiante, “de maneira gradual”. “A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”, acrescentou a ata.
Ambiente global
A ata do último encontro do Copom trouxe uma visão mais favorável em relação ao cenário internacional, mas não deixou de ponderar que existem fatores de risco para o Brasil. Para o BC, há evidências de desaceleração econômica em vários países e o ambiente global pode ser um fator mais relevante que o previsto para a atividade econômica.
Ao avaliar a conjuntura internacional, o BC afirmou na ata que “o cenário se mostra menos adverso”. “Bancos centrais das principais economias sinalizaram, com clareza, disposição para provisão de estímulos monetários adicionais em caso de necessidade, o que contribuiu para afrouxamento das condições financeiras globais”, disseram os membros do Copom.
Apesar dessa melhora, o Copom avaliou que “os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem”. Para os membros do colegiado, as incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica podem contribuir para um crescimento global “ainda menor”. “Diante das evidências de desaceleração econômica em vários países, alguns membros do Copom ponderaram que o ambiente global pode ser fator mais relevante para a dinâmica da atividade econômica do que o antevisto”, acrescentaram.
Ao mesmo tempo, o BC fez questão de reforçar que o Brasil possui capacidade para absorver um revés no cenário internacional, “devido ao seu balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das expectativas de inflação e à perspectiva de reformas estruturais e de retomada, adiante, do processo de recuperação econômica”.
Choques de 2018
O Copom avaliou na ata de seu último encontro que “em grande medida, os efeitos sobre a atividade econômica dos principais choques sofridos pela economia brasileira ao longo de 2018 se dissiparam”. Além disso, conforme o BC, “as condições financeiras, que sofreram aperto relevante entre o segundo e quarto trimestres de 2018, já caminharam para terreno mais estimulativo”.
Em função disso, o BC pontuou que seu cenário básico contempla retomada, adiante, do processo de recuperação econômica, “de maneira gradual”.
Na ata divulgada nesta terça, o BC também registrou que os membros do Copom debateram na semana passada os fatores que poderiam restringir o crescimento econômico, “no contexto dos profundos ajustes necessários na economia brasileira, especialmente os de natureza fiscal.” Assim, os membros do colegiado “reiteraram a visão de que a manutenção de incertezas quanto à sustentabilidade fiscal tende a ser contracionista”.
“Em especial, incertezas afetam decisões de investimento que envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por conseguinte, necessitam de maior previsibilidade em relação a cenários futuros”, avaliou o BC.
Os membros do colegiado também citaram o espaço fiscal “limitado” para investimentos do poder público e enfatizaram a importância das reformas para a sustentabilidade da trajetória fiscal no futuro. “Ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a estimular o investimento privado”, defendeu o BC. “Esse potencial efeito expansionista deve, em alguma medida, contrabalançar impactos de ajustes fiscais de curto prazo sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco, como o ocorrido em 2018.”
Aceleração
Em outro ponto da ata, o BC reiterou que “uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos dependerá, também, de outras iniciativas que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”.
Em outras palavras, o BC reforçou a avaliação mais recente, tanto do governo quanto do mercado financeiro, de que apenas a reforma da Previdência não será suficiente para acelerar a atividade. “Esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira”, acrescentou a instituição.