O PicPay quer aumentar a presença no Open Finance e aproveitar o pioneirismo do Guiabolso para se diferenciar dos concorrentes na disputa para ser o principal canal de acesso ao sistema financeiro do cliente, "batalha" central no setor nos próximos anos, na visão do Banco Central. Com exclusividade, o chefe de Open Finance da empresa, Thiago Alvarez, contou ao <i/>Broadcast</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o aplicativo de pagamentos aderiu recentemente à segunda fase do ecossistema regulamentado pelo BC, de compartilhamento de dados bancários, e que está lançando ferramentas para facilitar a gestão financeira do cliente.
Segundo Alvarez, o Open Finance é estratégico para o PicPay e a ideia é que impacte toda a jornada do cliente, com personalização de produtos e serviços desde o crédito até o seguro e o investimento. O executivo tem experiência quando o assunto é "sistema financeiro aberto". Ele é um dos fundadores do Guiabolso, aplicativo de planejamento financeiro criado em 2012 e adquirido pelo PicPay no ano passado. A plataforma é considerada uma espécie de precursora do Open Finance, já que possibilitava a visualização e organização de diversas contas em um só lugar.
Agora, com o Open Finance, a ideia do PicPay é virar um grande "consolidador" de transações financeiras, algo que outros bancos tradicionais e também os "desafiantes" estão apostando para angariar mais clientes. Mas, na empresa, a experiência do Guiabolso é vista como "uma vantagem natural" ante os rivais. O chefe da área explica que, com a compra em 2021, o PicPay já começou a usar a tecnologia de Open Banking do Guiabolso e, em paralelo, começou a construir a estrutura do ecossistema regulado pelo BC. "O Guiabolso criou esse conceito de Open Finance em 2012, de o usuário compartilhar os dados, na época que não existia nem o nome fintech", argumenta Alvarez. "O diferencial do PicPay começa com experiência de mais de 10 anos do Guiabolso. Já começa com uma tecnologia robusta. É uma vantagem natural ante os demais", completa.
E, apesar de pouco tempo, a empresa já vê resultados. Há cerca de três meses, a instituição de pagamentos vem fazendo testes com a fase 2 e exibe uma taxa de conversão de consentimentos de 80%, acima da média do mercado (em torno de 20%), conforme dados da convenção do Open Finance, citados por Alvarez. Ou seja, de 10 pessoas que iniciaram a jornada no PicPay para compartilhar dados com outros bancos, oito concluem com sucesso. "É o consentimento que a gente controla. É altíssimo e, de longe, o maior. Mostra que é muito possível fazer uma boa jornada de transmissão de dados."
Por outro lado, o executivo não abre o número de autorizações já concedidas à instituição para acessar as informações de clientes de outros bancos, mas diz que está na casa de "centenas de milhares", enquanto sua base de clientes ativos é de 30 milhões. No total, o BC contabiliza mais de 7,5 milhões de consentimentos.
Lançada em agosto de 2021 pela autoridade monetária, a fase 2 do Open Finance não é obrigatória para instituições do porte do PicPay. Mas as regras do BC incentivam a participação, uma vez que a instituição precisa participar como transmissora de dados aos concorrentes para ter acesso a informações semelhantes, algo importante para formular ofertas personalizadas e conquistar novos clientes.
No PicPay, uma novidade já disponível é o <i>hub</i> do Open Finance, uma plataforma que vai possibilitar que os usuários vejam onde seus dados foram compartilhados e gerenciem os consentimentos que deram para outras instituições. Além da nova funcionalidade, está prevista para outubro uma ferramenta de planejamento financeiro semelhante ao serviço que era oferecido pelo Guiabolso, que vai permitir ao usuário concentrar informações de todos os seus bancos em um só aplicativo, que serão organizadas por categorias. "Vai ser um mini Guiabolso dentro do PicPay", explica Alvarez, completando que a empresa ainda pretende lançar em breve um iniciador de pagamentos.