O piloto oficial da presidente Dilma Rousseff, tenente-brigadeiro do ar Joseli Camelo, foi convidado e recusou assumir o cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no lugar do general José Elito Siqueira, segundo apurou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. O tenente-brigadeiro Joseli Camelo, que também foi cotado para assumir o Comando da Aeronáutica, será nomeado pela presidente Dilma ministro no Superior Tribunal Militar (STM), na vaga que será aberta com a aposentadoria do tenente-brigadeiro José Américo, dia 13 de janeiro. O novo piloto oficial da presidente será o brigadeiro Luiz Alberto Bianchi, que está no Planalto desde o início do governo Dilma e é especializado em voos do Airbus A-319.
Em governos anteriores, o ministro-chefe do GSI era um cargo próximo do presidente da República e constantemente ouvido por ele. Por isso mesmo, ocupa um gabinete Palácio do Planalto, já que é responsável por toda a segurança da presidente e sua família, das suas residências e de seus deslocamentos. O GSI tem ainda sob seu comando a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O general Elito nunca teve qualquer proximidade com a presidente. Ao nomear Joseli, Dilma queria resolver uma questão que a incomoda há tempos e ainda agradaria as Forças Armadas, que defende rodízio neste cargo, que sempre foi ocupado pelo Exército. Apesar do convite recusado, Dilma não irá sair agora em busca de outro nome para o GSI. Deixará como está, até que resolva outros problemas considerados mais urgentes e alvos de disputa política entre partidos, como a nomeação do segundo escalão do governo.
Na tarde desta sexta-feira, 9, Dilma, emocionada, se despediu de Joseli. O tenente-brigadeiro, que é piloto de Boeing, e também acompanhou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seus oito anos de governo, preferiu ir para o STM. Estar na Presidência da República há 12 anos, na mesma função, foi decisivo tanto para ele não ir para o comando da Aeronáutica, quanto para não querer assumir o GSI.
“Eu estou sendo indicado para o STM e vou ser sabatinado no Senado. E depois, se os senadores me aprovarem, eu estarei lá (no tribunal). Vou virar um juiz e espero que seja um juiz justo”, disse ele, que defendeu a importância da manutenção da Justiça Militar, que vem sofrendo alguns ataques e até propostas de extingui-la. “É o foro mais antigo e tem uma importância fundamental. Eu vou aprender muito lá”, emendou ele, depois de lembrar que esteve por 92 países nestes 12 anos com os presidentes, completando cerca de 10 mil horas de voo.
Questionado sobre o temor da presidente Dilma Rousseff em voar, Joseli respondeu: “Eu também prefiro voar em céu de brigadeiro”. Para ele, o fundamental nesta função de piloto de presidente é conseguir aliar “conforto à segurança”. Segundo ele, “quando dá, a gente desvia (das turbulências)”. E emendou: “a presidente Dilma é uma pessoa muito afável e sempre nos trata muito bem”.
O novo piloto, brigadeiro Bianchi, acompanha a presidente desde o início do seu primeiro mandato, quando ainda era coronel. Piloto de Airbus, ele já voou mais de quatro mil horas ao lado da presidente Dilma e confidenciou que ela costuma ir à cabine do avião para ter conhecimento da rota e gosta muito de ler durante os voos. “Ela vai sempre na cabine para conversar com a gente, para ver o que estamos fazendo. Isso é bom e acho que isso a acalma. E é bom também conversar”, contou ele, que agora assume a Secretaria de Coordenação de Assuntos Militares, e passará a acompanhar a presidente em todos os voos, como fazia Joseli, sendo o responsável por todas as operações aéreas que Dilma fizer, planejando e coordenando todos os voos.