Nos quatro cantos, literalmente, da Pinacoteca do Estado de São Paulo, começam a ser exibidas neste sábado, 24, pequenas novas mostras. As exposições ficam em salas anexas à exibição do acervo permanente, no segundo andar, e englobam quadros, peças coloniais, um vídeo e ainda uma intervenção.
Na sala A, inaugura-se Arte colonial na coleção da Fundação Nemirovsky, em que são expostas peças coletadas pelo casal José e Paulina Nemirovsky que hoje fazem parte do acervo da Pinacoteca por comodata. “As salas são usadas para exposições temporárias, que conversem com o acervo”, explica ao Estado Valeria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca e responsável pela mostra. A coleção reúne obras coloniais não apenas brasileiras, mas também da América Espanhola. “Queremos mostrar uma parte do acervo que é pouco vista. Essas obras estão na guarda da Pinacoteca desde 2006.”
Aproveitando a extensa coleção Nemirovsky, o museu resolveu apostar numa exposição individual, José Antonio da Silva: nasci errado e estou certo, que reúne 13 obras do artista, morto em 1996, na sala D. “É uma exposição modesta, mas, ao mesmo tempo, abrangente”, avalia o curador José Augusto Ribeiro. “São trabalhos que acompanham quatro décadas de produção, entre os anos 1940 e 80, e apresentam grande variação temática.” Entre as obras, alguns exemplares em que o pintor, autodidata, utiliza a técnica do pontilhismo. As obras, que retratam, em parte, a vida no interior paulista, não por acaso estão ao lado da sala em que são expostas pinturas de Almeida Júnior, como O Violeiro.
Na sala C, a artista Ana Dias Batista faz uma obra sonora, Chão Comum. Na sala vazia, os visitantes ouvem o som de passos gravados na própria Pinacoteca. “O som é uma marca da Pinacoteca e é algo da arquitetura que puxa você para fora da neutralidade que o museu propõe”, explica a artista. Na sala ao lado, 7, ela faz uma intervenção, e leva ao nível do chão todas as pinturas, com tapetes espalhados para facilitar a observação dos quadros. “É uma reflexão sobre como as pessoas se comportam numa visita ao museu”, diz Ana, que nega que o trabalho seja uma crítica à instituição. “Os museus constroem narrativas, e o que o trabalho tenta é fazer com que as pessoas passem a ter consciência das estratégias curatoriais.” Para completar o trabalho, na entrada da sala C, a artista vai deixar réplicas dos sapatos vistos nos dois quadros ao lado, ambos também de Almeida Júnior, Saudade e A Família de Antônio Augusto Pinto.
Na última das exposições, na sala B, a exibição do vídeo Vera Cruz (2000), em que Rosângela Rennó propõe uma releitura da carta de Pero Vaz de Caminha. Produzido para a Mostra do Redescobrimento (São Paulo, 2000), o vídeo, exibido e premiado na 13.ª edição do Festival Videobrasil, é uma aquisição recente da Pinacoteca. “Queremos mostrar também o acervo recente da Pinacoteca, especialmente as obras em vídeo”, esclarece a curadora responsável, Amanda Arantes.
PINACOTECA
Praça da Luz, 2.
Tel.: 3324-1000.
De 4ª a 2ª, das 10 às 17h30.
R$ 6 (grátis aos sábados)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.