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Planejamento, força física e evolução técnica explicam longevidade de Federer

quadra. Agora, ele dá quase um passo para dentro da quadra. É a diferença entre uma bola defensiva e uma ofensiva”, explica Meligeni. “É aí que entra o preparo físico e hoje ele está muito mais rápido do que estava nos últimos anos. Está mais bem posicionado para acertar a bola.”

Com melhor movimentação de pernas, o suíço conseguiu aperfeiçoar o backhand, o golpe que faz com a mão esquerda. “Ele já tinha a melhor direita do circuito, o melhor saque, o melhor voleio. E agora acertou a esquerda, que era seu calcanhar de Aquiles. Então, se tornou um rival muito indigesto para os rivais”, apontou Meligeni.

Esta evolução toda, somada a uma raquete com cabeça maior, abriu espaço para uma mudança no estilo de jogo. “Ele já vinha tentando isso há uns dois anos, sem tanto sucesso, mas agora, com a esquerda muito melhor, consegue encurtar os pontos e vencer rapidamente os jogos, sem se desgastar muito”, disse Thomaz Koch.

A alteração no jeito de jogar, na avaliação do ex-tenista, acompanha uma mudança mental. “A cabeça dele mudou demais. Está mais concentrado, mais agressivo, não deixa o adversário respirar. E essa confiança com a esquerda tem o dedo do treinador, com certeza”, argumentou Koch, referindo-se ao croata Ivan Ljubicic, ex-Top 10 do ranking e dono de uma das esquerdas mais poderosas do circuito.

“Se você não está confiante, você hesita e bate atrasado na bola. Deixa a bola entrar um pouco mais na quadra e ela te agride ao invés de você ir em direção a ela. Isso também é uma mudança estratégica: agora ele está pegando a bola mais na subida”, explica Koch. “Com certeza há muita influência do treinador. O Ljubicic tinha uma esquerda absurda no circuito. E é muito mais fácil ensinar com o que você sabe, né”, ponderou Meligeni.

A confiança elevada também faz a diferença fora da quadra, na opinião de Gustavo Kuerten, que assim como Federer já ocupou o topo do ranking. “Ele encara tudo com muita tranquilidade e simplicidade, tanto dentro quanto fora da quadra, na rotina do dia a dia. Isso economiza muito esforço, empenho. Só dessa forma ele consegue chegar tão longe”, disse o catarinense ao Estado.

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