Após nove meses de negociação, a incorporadora PDG aprovou nesta quinta-feira, 30, seu plano de recuperação judicial, que envolve quase R$ 6 bilhões em dívidas. O plano definiu como será o pagamento aos credores, em especial os bancos, que detêm 80% dos débitos. A situação para quem ainda espera pela entrega de um imóvel, no entanto, é incerta.
A retomada das obras não foi tratada no plano e depende de uma nova rodada de negociação com bancos. Há 19 empreendimentos inacabados. Para terminá-los são necessários R$ 730 milhões – dinheiro que a PDG não tem. Uma fonte próxima à empresa diz que são boas as chances de um acordo para financiar os empreendimentos, já que grande parte está com mais de 80% das obras concluídas. Há incerteza, porém, se haverá recursos para os que estão em estágio inicial ou ainda nem começaram a sair do chão.
Os clientes que compraram imóveis na planta terão de discutir a conclusão do negócio diretamente com a empresa, fora do processo de recuperação judicial. Já existem comissões organizadas de adquirentes, que tentam transferir o empreendimento da PDG para outra construtora. Muitos dos compradores já entraram com ações na Justiça contra a empresa.
Dos 19 empreendimentos inacabados da PDG, só três estão incluídos na recuperação judicial. Os demais ficaram de fora, a pedido dos bancos, porque têm patrimônio de afetação – uma espécie de poupança para garantir o término do empreendimento.
No entanto, como a PDG sofre com prejuízos milionários há muitos anos, o advogado Hamilton Quirino – que representa um grupo de compradores de um projeto da PDG, o Niemeyer Monumental – diz que o dinheiro nem sempre existe na prática. No caso do empreendimento localizado em Niterói (RJ), quase nada sobrou em caixa dos R$ 49 milhões pagos pelos clientes. Agora, os consumidores tentam se unir para repassar o projeto a outra incorporadora.
Plano. A PDG depende da venda de ativos para pagar seus credores. O problema é que a conta não fecha. Enquanto a dívida beira R$ 6 bilhões, estima-se que o estoque de terrenos e imóveis da companhia valha R$ 2,3 bilhões, contando obras prontas e inacabadas.
O plano prevê que o dinheiro levantado com vendas vá para os bancos, mas só depois de a PDG bancar despesas para seguir operando, quitar dívida trabalhista e uma pequena parcela do que deve aos credores sem garantia (R$ 88 milhões, divididos em um pagamento individual máximo de R$ 35 mil). Em todos os casos, o prazo máximo para quitação é de 180 dias.
“Com a aprovação do plano, a PDG poderá voltar à normalidade no pagamento de suas despesas. Isso é importante para que ela volte a operar”, disse Eduardo Munhoz, advogado responsável pelo plano de recuperação judicial da PDG. Considerada a complexidade do caso, que envolve 23 mil credores, o tempo de negociação foi curto. “Temos um número mínimo de brigas e de contencioso.”
Apesar de a companhia ter muitos problemas a resolver ao longo de 2018, o presidente da PDG, Vladimir Ranevsky, afirma que a incorporadora será capaz de voltar a lançar novos empreendimentos imobiliários a partir de 2019 – esse prognóstico é visto como excessivamente otimista por fontes próximas à companhia, uma vez que a dívida é muito superior aos ativos.
Fontes ligadas à empresa dizem que a companhia deve encerrar a fase atual para, talvez, voltar ao mercado com um novo nome. Ranevsky nega a troca de nome e diz que a empresa quer antecipar “o máximo possível” o retorno dos lançamentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.