Nesta sexta-feira, ao manter Guarulhos e toda a região do Alto Tietê, com exceção de Itaquaquecetuba, na fase laranja, governador de São Paulo, João Doria(PSDB), mais uma vez, alterou as regras do jogo, em um evidente favorecimento à Capital e cidades do ABC paulista, em detrimento de vizinhos. Ao mesmo tempo em que dados técnicos e científicos são desprezados, o Estado coloca a Justiça contra a população dos municípios que não foram beneficiados com a mudança de fase.
Guarulhos, por exemplo, conforme anunciou o prefeito Guti (PSD), nesta sexta-feira, foi obrigada a impedir a abertura de igrejas e salões de beleza, algo que vinha ocorrendo desde 12 de junho, devido a uma ação judicial movida pelo governo Dória. Ao mesmo tempo, o governador, baseado em critérios mais que duvidosos, antecipou a reabertura de teatros, cinemas, museus, galerias, acervos, centros culturais, bibliotecas, casas de espetáculo, convenções e eventos culturais para a fase 3-amarela do Plano São Paulo. Curiosamente, somente a capita e municípios do ABC e da região de Cotia avançaram para esta categoria.
Até menos de um mês atrás, o mesmo Plano São Paulo entendia que a reabertura desses setores econômicos ocorreria somente na última fase do plano, a fase 5-azul, chamada de normal controlado.“Lembrando que para essa fase, o funcionamento desses setores está previsto depois que a região tiver uma estabilidade de quatro semanas nessa fase amarela. Não é funcionamento imediato a partir de segunda-feira (6), tem essa previsibilidade das quatro semanas”, tenta explicar, sem apresentar argumentos técnicos ou científicos, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen.
Ou seja, a penalização a municípios como Guarulhos vai longe. Afinal, incoerentemente, permanece na fase laranja. Afinal, os números de diferentes critérios estabelecidos pelo próprio Governo de São Paulo apontam que a situação da região SP Leste (Alto Tietê), onde Guarulhos está inserida, é igual ou melhor que nas áreas liberadas por Dória. Fora que, conforme já citou o prefeito Guti em diferentes oportunidades, as taxas de contaminação e mortes, quando se leva em consideração a proporção de habitantes, a situação na Capital é pior que em Guarulhos.
Enquanto há 1.125 casos para cada grupo de 100 mil moradores da Capital, em Guarulhos são 554,7, ou seja, menos da metade. Já em óbitos, também em São Pauo, a taxa é maior, sendo 61,4 na Capital contra 54,0 em Guarulhos.