Opinião

Planos emergenciais e a falta de ações preventivas

Diante de tanta água que cai dos céus neste início de ano, impossível não voltar a tratar deste assunto. Depois do caos vivido desde segunda-feira em diversos municípios da região metropolitana de São Paulo, incluindo Guarulhos, ontem foi a vez das cidades serranas do Rio de Janeiro vivenciarem prejuízos e – pior – mortes causadas pelas tempestades. Nestes momentos, como já afirmado ontem, evidencia-se a incompetência das administrações públicas para lidar com um tema recorrente.


 


No ano passado, em uma grande ação de marketing político, o prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM) apareceu para toda a mídia em plena madrugada de sábado com os pés afundados na lama, em meio à enchente do rio Tietê, em bairros da zona leste de São Paulo. Na mesma época, o então governador José Serra (PSDB), interrompeu seu descanso de reveillon para chegar de helicóptero no que sobrou de São Luiz do Paraitinga, um patrimônio cultural do Estado, completamente devastado pelas chuvas.


 


Lógico que as interpéries da natureza chegam a ser imprevisíveis e seria impossível para qualquer agente público evitar as catástrofes. Porém, é lamentável quando se prefere explorar o caos para se projetar politicamente. Nas chuvas do ano passado, o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida, como agora, estava de folga, fora da cidade. Mas chegou a tempo de pegar a enchente da região da Vila Any, que ficou sob as águas do Tietê por mais de um mês.


 


Na ocasião,  Almeida anunciou o pagamento de um aluguel social para que as famílias deixassem a região, garantiu que iria cobrar do governo estadual soluções, entre outras ações, que acabaram não sendo viabilizadas. Um ano se passou e os problemas se repetiram. Tanto que, novamente na ausência de Almeida, nesta terça-feira o prefeito em exercício, Carlos Derman, foi sem chamar a imprensa visitar algumas regiões de Guarulhos atingidas pelo temporal. Porém, desta vez, teve pouco destaque nos jornais de ontem, já que o material de divulgação de sua assessoria só chegou às redações tarde da noite, quando as edições já estavam concluídas. Mas chama a atenção fotos em que ele aparece com o pé cheio de barro, numa demonstração de que o prefeito foi ao encontro dos problemas.


 


E a principal notícia divulgada pela assessoria de Derman foi o lançamento de um plano emergencial para lidar com os problemas decorrentes do excesso de chuva. Ora, se houvesse seriedade e ações permanentes por parte da Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal, não seria necessário acender as luzes de emergência. Muitos dos problemas seriam evitados e os danos gerados pelas chuvas – essas sim repetitivas – poderiam ser bem menores. E ninguém  – nem o povo – precisaria afundar os pés no barro.  

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