Noticia-geral

PMDB adapra discurso ao ajuste fiscal

Preocupada em se salvar do turbilhão de escândalos que atinge o governo do qual faz parte e o Congresso que comanda, a cúpula do PMDB vai propor à presidente Dilma Rousseff que faça uma reforma administrativa e “corte na própria carne” no ajuste fiscal. A mudança de estratégia do partido, que até então só aparecia brigando por cargos, foi definida em almoço promovido por Michel Temer, na quinta-feira, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. A ideia é tentar melhorar a própria imagem – descolando-a do fisiologismo e associando-a ao discurso de austeridade – para a campanha eleitoral nos municípios do ano que vem.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo citado na lista de políticos suspeitos de participar do esquema de corrupção na Petrobrás, chegou a defender no encontro a “refundação” do governo Dilma. A ideia é deixar para trás Desconfiado

A reforma administrativa sugerida pelo PMDB é vista com desconfiança pelo Palácio do Planalto. Não sem motivo: foi uma das principais bandeiras defendidas na campanha pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal adversário de Dilma.

Em conversas reservadas, no entanto, dirigentes do PMDB dizem que “todo empresário em crise corta custo, enquanto o governo prefere aumentar tributos”. Eles argumentam que, do jeito que as propostas do governo estão postas, o ajuste será visto pelos eleitores como algo que “arrocha, desemprega e espreme”. E que aumentos como tarifa de ônibus, conta de luz e de gás são temas muito sensíveis nos debates das campanhas municipais, como as que ocorrerão no próximo ano.

O Planalto avalia que, com todos esses movimentos, o PMDB quer pôr de novo a “faca no pescoço” de Dilma, para pressioná-la a entregar ministérios com mais orçamento e visibilidade. Atualmente, o PMDB controla sete pastas (Minas e Energia, Agricultura, Turismo, Aviação Civil, Portos, Assuntos Estratégicos e Pesca).

No governo, é dado como certo que o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) será integrado à equipe. As negociações em torno de mais espaço para o PMDB numa eventual reforma ministerial, porém, não têm provocado entusiasmo.

O ministério do Turismo, oferecido a Alves, já é ocupado pelo PMDB, com Vinicius Lage, da cota de Renan. A mudança nessa pasta é vista como operação digna de “pisar em ovos”, para não desagradar ao presidente do Senado.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu a Dilma levar o PMDB para a articulação política, mas o partido não quer a vaga. Está de olho em Integração Nacional, considerado um importante instrumento de atuação política, mas insuficiente para livrar a legenda do peso de copatrocinar reformas impopulares.

A análise sobre o custo-benefício da ocupação de determinados cargos, em meio à crise cada dia mais grave, já foi adotada pelo PMDB em relação ao posto de líder do governo no Senado. Desde que Eduardo Braga saiu dessa cadeira para ser ministro de Minas e Energia, a vaga não foi preenchida e o governo segue sem líder na Casa. “Deixamos a indicação para o governo, para o PT”, desconversou Eunício. Não há no PMDB a intenção de expor ninguém para defender o ajuste no momento em que o PT critica as medidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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