Com o objetivo de fortalecer o PMDB do Rio de Janeiro para as eleições de 2018, o governo federal decidiu dar espaço para aliados do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, na Autoridade de Governança do Legado Olímpico (Aglo), órgão responsável pela gestão da estrutura remanescente da Olimpíada.
Nas últimas semanas, a gestão do presidente Michel Temer abriu o órgão para a ocupação do PMDB do Rio, em especial por apadrinhados do ministro. O rol de nomeados inclui desde pessoas com ligações com seu gabinete até candidatos a vereador derrotados nas eleições em 2016.
Formado em engenharia de produção, o empresário Pedro Paulo Ribeiro Gomes Sotomayor, amigo do ministro, foi nomeado para a diretoria executiva da Aglo, no dia 7 de abril, com salário de R$ 21 mil. No mesmo dia 7, foi nomeado para a diretoria técnica do órgão, com salário de R$ 20 mil, Bruno Feitosa Barboza, que foi vice de Picciani na Secretaria de Estado de Habitação do Rio, em 2010, e chegou a assumir o cargo quando o atual ministro foi exonerado para disputar as eleições para deputado federal.
Funcionário comissionado de Picciani na Secretaria de Estado de Habitação do Rio em 2008, Jeangelo Machado Cardoso ganhou o cargo de assessor da Aglo no dia 18 de abril, com salário de R$ 18 mil. Também naquele dia, Picciani nomeou o marido da sua chefe de gabinete Raquel Nogueira da Motta, Renato Cavalcanti Nisenson, para a mesma função. Com cargo comissionado na Câmara, outra recente nomeada no mesmo cargo de assessoria é Graciela Soares Vizzotto Marcondes, casada com o consultor jurídico do Ministério do Esporte Tamoio Athayde Marcondes.
Dentre os candidatos a vereador derrotados em 2016 está Fábio José Mamedio, que ocupou cargo de chefe da Representação Estadual no Rio do Ministério do Esporte, e agora é superintendente da Aglo.
Há pelo menos mais um caso de nomeação de um candidato a vereador derrotado – Luciano Felipe de Carvalho Rodrigues, do Partido Novo, nomeado assessor do órgão com salário de R$ 18 mil.
O jornal O Estado de S.> Paulo apurou que Picciani já estaria preparando pelo menos mais quatro nomeações similares de candidatos derrotados nas últimas eleições no Rio mirando alianças para 2018. Procurado, o Ministério do Esporte disse que as pessoas nomeadas para o trabalho na Aglo “têm currículos compatíveis com as competências exigidas para o exercício das funções na autarquia”.
Extinção
A medida provisória que criou a Aglo e transferiu a gestão das esferas municipal, estadual e federal para o Ministério do Esporte prevê que o órgão será extinto por ato do Poder Executivo federal, “após tomadas as providências de longo prazo necessárias à destinação do legado olímpico ou no dia 30 de junho de 2019, o que ocorrer primeiro”.
O órgão tem como competência “viabilizar a adequação, a manutenção e a utilização das instalações esportivas olímpicas e paraolímpicas” e é administrada por uma diretoria executiva, composta por presidente, diretor executivo e outros diretores.
Segundo o Ministério do Esporte, integram a estrutura gerida pela Aglo a Arena Carioca 1, a Arena Carioca 2, o Velódromo e o Centro Olímpico de Tênis.
Eventos
A pasta afirmou que a Aglo “vem trabalhando para viabilizar acordos e construir um calendário de eventos no Parque Olímpico da Barra”. O ministério apontou como exemplos de eventos realizados sob gestão do órgão a etapa do Circuito Mundial de Vôlei de Praia, organizado pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), no Parque Olímpico, e a Rio Bike Fest, organizada pela Federação de Ciclismo do Rio de Janeiro (FECIERJ), no Velódromo. “Ambos os eventos contarão com contrapartida por seus organizadores como forma de contribuição material ao legado e têm expectativa de público bastante elevada, podendo ser considerados eventos de grande porte.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.