O índice de atividade dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do Brasil apurado pela Markit caiu de 45,2 pontos em dezembro para 44,0 pontos em janeiro, na série com ajuste sazonal. Esse foi o sétimo mês de queda, um recorde na pesquisa, informou a Markit nesta quarta-feira, 1º de fevereiro.
A instituição pontuou que o declínio foi generalizado no volume de novas encomendas, de produção, de pedidos para exportação e nos níveis de compra e de estoques, mostrando deterioração na produção manufatureira brasileira em janeiro, como tem acontecido há dois anos.
Os novos pedidos caíram em um ritmo mais rápido desde maio, com relatos de demanda fraca em meio à continuidade da crise econômica. Consequentemente, os empresários reduziram a produção pelo 24º mês consecutivo, indicando um nível crescente na ociosidade, com queda mais acentuada em bens de consumo.
O volume de novas encomendas para exportação também continuou caindo em janeiro. A contração foi disseminada nas três grandes categorias da indústria, mas foi mais forte em bens de capital. Com menos pedidos, também houve redução nos níveis de compra.
Segundo a Markit, a redução na produção e a necessidade de cortar custos resultou mais uma vez em corte de funcionários, apesar de o ritmo de demissões ter se atenuado em relação a dezembro.
Os estoques tanto de compra quanto de produtos finais também caíram e, conforme a pesquisa, no ritmo mais rápido desde o começo da crise financeira global. Mesmo assim, o custo médio dos insumos aumentou em janeiro, elevando também o preço dos produtos.
A Markit ainda destacou que os empresários seguem otimistas sobre a produção neste ano, com o grau de confiança atingindo o patamar mais alto desde agosto. “Expectativas de mudanças de direção na economia impulsionaram o sentimento positivo em janeiro”, ressaltou em nota.
Entretanto, a economista da Markit Pollyanna De Lima comentou que o setor industrial está preso num estado de contração há dois anos e não há indicação clara de uma recuperação iminente. “Com as margens de lucro sendo pressionadas por receitas fracas e aumentos de custo acentuados, as empresas não tiveram outra opção senão diminuir mais uma vez o número de funcionários. Embora se espere que os cortes recentes na taxa de juros venham a ajudar a economia, as futuras decisões de política monetária devem ser restringidas por um recrudescimento das pressões inflacionárias, com os indicadores de preços do PMI aumentando em janeiro”, completou.