O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil recuou de 47,1 em maio para 46,6 em junho. É a oitava leitura seguida abaixo do nível de 50 pontos, o que indica retração para a atividade.
De acordo com a S&P Global, as empresas indicaram nesta leitura queda de novos pedidos e redução nos volumes de produção. Essa dinâmica fez com que as empresas baixassem seus preços de venda à taxa mais acelerada desde junho de 2019, avaliou a empresa.
"Os dados mais recentes do PMI evidenciaram os desafios impostos pela demanda fraca e pelas vendas mais baixas, que obrigaram os fabricantes brasileiros a recalibrar suas estratégias e operações", explica a diretora associada de economia da S&P Global, Pollyanna de Lima, em nota. "Essa abordagem cautelosa refletiu a necessidade de alinhar a
oferta de produtos com a demanda, gerenciando custos e otimizando recursos", acrescenta.
Segundo a S&P, a redução nos preços das fábricas foi fundamentada por mais uma queda no preço dos insumos, que os participantes da pesquisa atribuem a preços de commodities mais baixos, à valorização do real, riscos de recessão na Europa e ao excesso de oferta de algumas matérias-primas.
Para Pollyanna de Lima, embora o recuo nos preços tenha oferecido um "vislumbre de alívio", isso precisa ser "cuidadosamente equilibrado" com outros vetores que restringem o desempenho do setor. "Pelo menos a queda dos custos permitiu que as empresas tentassem estimular a demanda através de cortes nos preços de venda sem suprimir as margens", pondera.
A S&P ainda destaca que os fabricantes brasileiros continuaram a sinalizar um excedente de capacidade em junho, com a redução do volume de negócios pendentes pelo vigésimo quinto mês consecutivo, o que levou à demissão de pessoal mais uma vez.
Em contrapartida, Pollyanna de Lima destaca que a confiança nos negócios se manteve positiva em junho,o que pode fomentar a resiliência e restaurar o crescimento do setor. "Dito isso, o otimismo foi baseado em grande parte em expectativas de que as taxas de juros caiam e a demanda se recupere", avalia. "Apesar de não indicar uma possível mudança de rumo da política monetária, o Banco Central poderia tomar a iniciativa de cortar juros considerando os indicadores de preços mais recentes", emenda.