A polícia canadense rebocou neste domingo, 13, caminhões e prendeu 12 manifestantes antivacina que bloqueavam a Ponte Ambassador, na cidade de Windsor, a mais movimentada passagem de fronteira entre Canadá e EUA. Até então, apesar de uma ordem judicial para encerrar a crise e do estado de emergência imposto pela Província de Ontário, a polícia não havia conseguido dispersar a multidão e liberar o tráfego.
Há uma semana, manifestantes em caminhões, carros e vans fecharam a passagem em ambas as direções, afetando o comércio e a cadeia de suprimentos das montadoras de carros de Detroit. No sábado, policiais chegaram a retirar alguns caminhoneiros da ponte, mas outros chegaram em seguida e travaram o tráfego de novo.
Pela ponte passam diariamente US$ 360 milhões em cargas, o que representa cerca de 25% do valor de todo o comércio de mercadorias entre EUA e Canadá. Ontem, a polícia montou barricadas de concreto na ponte para impedir que os manifestantes recuperem terreno.
A liberação da ponte, no entanto, fez com que muitos manifestantes rumassem para Ottawa, capital do país, onde desde o dia 28 de janeiro uma manifestação antivacina paralisa a cidade. Segundo a polícia, o número de pessoas que ocupam as ruas do centro subiu para 4 mil. A população enfurecida vem cobrando uma ação mais enérgica do primeiro-ministro, Justin Trudeau.
No sábado, moradores foram às ruas de Ottawa em um contraprotesto para pedir o fim da manifestação. Muitos se queixaram de serem intimidados pelos manifestantes, que forçaram o fechamento do comércio. "Isso não é apenas Ottawa. É a capital do país", tuitou Catherine McKenna, ex-chefe de gabinete de Trudeau. "Mas ninguém – nem a cidade, a província ou o governo federal parecem capazes de acabar com essa ocupação ilegal."
As prisões realizadas ontem são a primeira grande ação policial desde que caminhoneiros e simpatizantes começaram a protestar contra a obrigatoriedade das vacinas e cercaram a área do Parlamento do Canadá. Rapidamente, as manifestações ganharam uma agenda também antigoverno. "Estamos protestando contra Trudeau, que tira nossos direitos", disse Eunice Lucas-Logan, de 67 anos, moradora de Windsor.
<b>DISCRETO</b>
Até agora, Trudeau rejeitou a pressão para acionar as Forças Armadas, mas disse que "todas as opções estão na mesa". O primeiro-ministro chamou os manifestantes de "uma minúscula minoria" da sociedade canadense – de fato, a maioria da população apoia as medidas sanitárias, segundo pesquisas.
A timidez de Trudeau está ligada ao frágil equilíbrio político do Canadá. O premiê lidera um governo impopular e minoritário no Parlamento. Ao manter certa distância, segundo analistas, ele evita transformar os protestos em um referendo ao seu governo, que tem a aprovação de 42% dos canadenses.
As manifestações, porém, se espalharam para outros países, com protestos de inspiração semelhante na França, Nova Zelândia e Holanda. O Departamento de Segurança Interna dos EUA alertou ontem que caminhoneiros estariam se organizando também em território americano. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>