Estadão

Polícia prende ex-senador Telmário Mota em investigação sobre assassinato

A Polícia Civil de Goiás prendeu o ex-senador Telmário Mota na investigação sobre o assassinato da mãe de sua filha. Ele é suspeito de ser o mandante do crime e foi encontrado em Nerópolis, na região metropolitana de Goiânia, no final da segunda-feira, 30, após passar o dia foragido.

Outros dois homens também são suspeitos – Harrison Nei Correa Mota, sobrinho do ex-senador, apontado como responsável pelo planejamento e logística do crime, e Leandro Luz da Conceição, que seria o executor.

Além das prisões, a Justiça de Roraima autorizou buscas em sete endereços ligados aos investigados. A operação foi organizada pela Polícia Civil do Estado, com apoio da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Os mandados foram cumpridos em Boa Vista, Caracaraí e Brasília.

Os policiais estiveram na fazenda do ex-senador, em Roraima, onde o crime teria sido arquitetado, mas ele não foi encontrado na propriedade. O mandado, cumprido horas depois em Goiás, é de prisão temporária.

"Tenho convicção de que temos elementos suficientes apontando que ele (Telmário) seja o mandante", informou o delegado João Evangelista, responsável pela investigação, que não descarta que o ex-senador tenha sido avisado sobre a operação.

A investigação foi aberta para chegar aos envolvidos no assassinato de Antônia Araújo de Sousa. Ela é ex-mulher de Telmário e foi morta com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro no bairro Senador Hélio Campos, na zona oeste de Boa Vista, por dois homens em uma moto. Antônia foi abordada quando saía de casa para trabalhar. Um deles perguntou seu nome e, ao confirmar a identidade, atirou.

A arma do crime, uma pistola, não foi encontrada. O homem que dirigia a moto também não foi identificado. Já o atirador, Leandro Luz da Conceição, segundo os investigadores, tinha experiência em tiro, porque o único disparo foi certeiro.

A principal linha de investigação é que a mulher tenha sido executada porque estava com depoimento marcado para falar sobre a acusação de estupro feita pela filha, uma adolescente de 17 anos, que afirma ter sido abusada por Telmário. A adolescente narrou que o pai encostou em suas partes íntimas e tentou tirar sua roupa no Dia dos Pais do ano passado. Quando o caso veio a público, o ex-senador negou as acusações e disse ser vítima de perseguição de adversários políticos.

Antônia ficou ao lado da filha na denúncia. Ela foi morta em uma sexta-feira e seria ouvida pela Polícia Civil na segunda. Desentendimentos sobre o pagamento de pensão também podem ter motivado a execução, segundo os investigadores. "Essa relação (entre Telmário e a ex) passou a ser desastrosa nos últimos 12 meses", afirmou o delegado Evangelista.

Duas pessoas próximas a Telmário o colocaram no centro das suspeitas da Delegacia Geral de Homicídios. Uma assessora de longa data do ex-senador foi vista indo entregar a moto aos assassinos um dia antes do crime. Os investigadores também descobriram que a moto foi comprada pelo sobrinho do ex-senador.

A assessora, Cleidiane Gomes da Costa, não foi presa nesta etapa, mas deve cumprir medidas cautelares, como a proibição de contato com os investigados e o uso de tornozeleira eletrônica. Ela confessou, em interrogatório, que monitorou e passou informações sobre a rotina da vítima ao ex-senador nos dias que antecederam o crime.

Telmário Mota ocupou uma cadeira no Senado entre 2015 e 2022, mas não foi reeleito nas eleições do ano passado.

<b>Defesa</b>

A reportagem busca contato com o ex-senador. O espaço está aberto para manifestação.

Posso ajudar?