Internacional

Polícia da Malásia detém milhares Rohingyas que fugiam de Mianmar

Autoridades malaias confirmaram que milhares de bengalis e indivíduos da etnia rohingya chegaram ilegalmente em barcos ao país neste domingo. Sobreviventes e especialistas acreditam que milhares de outros podem estar à caminho.

Pela manhã, quatro navios trazendo 600 pessoas de Bangladesh e fugitivos rohingyas chegaram ao oeste do país, disse Steve Hamilton, da Organização Internacional de Migração. Eles foram levados a um estádio esportivo em Lhoksukon, capital do distrito de Aceh, para receberem tratamento e serem fichados.

Os rohingyas são uma etnia que pratica o islamismo, e sofrem há décadas com sanções discriminatórias patrocinadas pelo Estado em Mianmar, que os considera imigrantes ilegais vindos de Bangladesh. Ataques a comunidades rohingyas feitos por monges budistas nos últimos três anos têm causado o maior êxodo marítimo desde a guerra do Vietnã. Mais de 100 mil pessoas deixaram o país, disse Chris Lewa, diretor do Arakan Project, que monitora os movimentos dos rohingyas em direção a países vizinhos.

Muitos imigrantes encontrados hoje estavam doentes e fracos após mais de dois meses de viagem. Alguns relataram que os capitães dos navios abandonaram o barco e os deixaram à própria sorte.

“Não tínhamos nada para comer”, disse Rashid Ahmed, um rohingya de 43 anos que afirmou ter deixado Mianmar com seu filho mais velho três meses atrás. “Tudo o que podíamos fazer era rezar”, disse, aos prantos, à Associated Press.

No final da tarde de domingo, outros 1018 bengalis e rohingyas chegaram a uma ilha no norte da Malásia. Segundo o delegado de polícia local, Jamil Ahmed, todos eles estão detidos para identificação.

Para Chris, entre 7 mil e 8 mil pessoas estão neste momento em embarcações de todos os tamanhos navegando no Estreito de Malaca e em águas internacionais. Os rohingyas costumam pegar barcos na baía de Bangladesh, onde recebem a companhia de bengalis que querem fugir da pobreza do país.

A repressão policial a máfias tailandesas e malaias têm impedido que essas pessoas cheguem à terra firme. Alguns continuam presos nos navios mesmo após seus parentes terem pago pela libertação.

A Tailândia é considerada um polo regional de trafico de pessoas. Recentemente, o país vem aumentando a repressão sob a atividade com vistas ao relatório anual de tráfico de pessoas do governo norte-americano, que deve sair no mês que vem. No ano passado, a Tailândia foi rebaixada à posição mais baixa da tabela, juntamente com a Coreia do Norte e a Síria. Fonte: Associated Press.

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