A polícia deteve nesta quarta-feira importantes líderes estudantis dos protestos pró-democracia em Hong Kong durante a retirada de barricadas no distrito de Mong Kok. As prisões colocam em dúvida o futuro do movimento, que há dois meses pede eleições livres na ex-colônia britânica.
No segundo dia de operações de limpeza dos três locais de protesto, a polícia removeu rapidamente as barricadas de metal, barracas e outros objetos de Mong Kok, um bairro operário onde já ocorreram confrontos entre manifestantes e policiais.
Muitos manifestantes se dispersaram, mas uma boa quantidade enfrentou dezenas de policiais numa rua lateral, determinados a esperar partidários que, esperam, se unam a eles durante a noite, após saírem da escola ou do trabalho.
Mong Kok tem sido o local onde se concentram os grupos de manifestantes mais desordeiros e violentos. Esforços anteriores de desmantelar o acampamento na região não deram certo e só atraíram ainda mais pessoas para as ruas.
O porta-voz policial Steve Hui disse que um total de 148 pessoas foram detidas, dentre elas 55 por desrespeito a uma ordem judicial ou por obstruir o trabalho de oficiais que levavam a ordem do tribunal que tratada da retirada do acampamento em dois dias.
Dentre os presos durante a operação de limpeza desta quarta-feira estavam Joshua Wong, de 18 anos, líder do grupo Scholarism, e Lester Shum, vice-secretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong.
“Após a operação de limpeza, não temos um líder”, disse o manifestante Ken Lee, 19 anos, que deixou seu emprego num restaurante em outubro após o início dos protestos e vinha passando seus dias em Mong Kok. “Precisamos esperar até hoje à noite. Tudo depende do que acontecer nesta noite. Se a maioria das pessoas vai reocupar a área ou ir para outro lugar.”
Os manifestantes exigem que o governo deixe de lado um plano, apresentado pelos líderes do Partido Comunista, pelo qual um painel composto por integrantes da elite local, ligada a Pequim, escolherão os candidatos ao cargo de principal líder do território, nas eleições diretas de 2017.
A detenção dos líderes estudantis pode revigorar o movimento de protesto, que tem perdido fôlego com a estratégia do governo local de, aparentemente, esperar que os manifestantes desistam.
Nas ações desta quarta-feira, a polícia agiu para colocar em prática uma ordem judicial concedida a motoristas de táxi para a remoção do acampamento na rua Nathan, em Mong Kok. As equipes de limpeza retiraram pilhas de lixo deixadas pelos manifestantes e a rua foi sendo gradualmente reaberta para o tráfego e para os pedestres. Fonte: Associated Press.