A Polícia Civil de Minas Gerais investiga duas hipóteses para o assassinato do jornalista Evany José Metzker, de 67 anos: crime passional ou relacionado à atividade que a vítima exercia. O corpo do jornalista foi encontrado na segunda-feira, 18, decapitado e sem roupas, na zona rural de uma das cidades da região, Padre Paraíso, a 558 quilômetros de Belo Horizonte. A cabeça estava a cerca de cem metros de distância do corpo. O enterro ocorreu no mesmo dia, em Medina.
Pela brutalidade do crime, parece ser alguém que estava com muita raiva dele”, disse o investigador da Polícia Civil, Diogo Macedo. A possibilidade de crime passional não está descartada, mas a principal linha de investigação da polícia é verificar se o jornalista foi morto por causa das matérias que publicava em seu blog Coruja do Vale, que cobre cidades do Vale do Jequitinhonha, uma das mais carentes do País.
Metzker fazia denúncias de mal uso de dinheiro público sobretudo contra prefeituras e câmaras municipais. As reportagens do jornalista, que eram veiculadas também em rádios da região, falavam, por exemplo, de desvios de recursos por prefeituras de municípios da região, uso irregular de veículos oficiais, falta de obras de saneamento básico e de recursos para saúde.
Metzker chegou a denunciar também o tráfico de drogas e a prostituição infantil na região.
Entre as cidades onde o jornalista já produziu matérias estão, além de Padre Paraíso, Medina, Catugi e Itaobim. “Era um jornalista que batia muito em órgãos públicos. Não seria difícil que sua morte tenha ocorrido por isso”, afirma o policial civil.
Metzker era casado com Ilma Borges. O casal morava em Medina mas o jornalista, de acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, estava hospedado há alguns dia em um pousada em Padre Paraíso.
Segundo perícia do Instituto Médico Legal de Teófilo Otoni, a morte do jornalista teria ocorrido na quarta-feira, dia 13. O último contato com a mulher foi nesse dia, via aplicativo Whatsapp, por volta das 19h, conforme a Polícia Militar.
Outros casos
O Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais pediu, em nota, apuração rigorosa da morte de Evany Metzker. Minas Gerais registrou, nos últimos dois anos, o assassinato de outros dois jornalistas.
O repórter Rodrigo Neto, de uma rádio local, e o repórter fotográfico Walgney de Assis Carvalho, foram mortos a tiros em Ipatinga, no Vale do Aço, a 210 quilômetros de Belo Horizonte.
Os crimes ocorreram em março e abril daquele ano, respectivamente. Os dois trabalhavam em matéria sobre grupos de extermínio. Entre os condenados pelos assassinatos está um ex-policial civil.