Policiais civis da Grande São Paulo teriam extorquido um homem acusado de ser operador do Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo investigação da Polícia Federal revelada na quinta-feira, 21, pelo Jornal da Band, da TV Bandeirantes. Gilmar Pinheiro Feitosa, preso há um mês pela Polícia Federal (PF), teria sido obrigado a dar R$ 100 mil a policiais da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Franco da Rocha.
As suspeitas contra os policiais civis partiram de escutas telefônicas feitas pela PF com autorização da Justiça, conforme afirma a reportagem. Em uma das ligações, os agentes flagraram contatos do acusado, da namorada e de uma advogada, em que ele relata a necessidade de pagamento aos policiais.
Feitosa teria sido abordado pelos policiais civis em agosto de 2015 em seu sítio, em Mairiporã, na Região Metropolitana. Ele estava na companhia de Hugo Ramos Ceceres, um paraguaio procurado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai. O homem preso seria encarregado de negociar a importação de drogas tanto do Paraguai quanto da Bolívia para o PCC e trabalharia para Alejandro Juvenal Herbas Camacho, irmão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da organização criminosa.
Entretanto, de acordo com a investigação, em vez de ser preso, Feitosa foi levado à Dise de Franco da Rocha e ficou detido até que obtivesse a quantia exigida pelos policiais. O caseiro do sítio terminou indiciado por posse de munição de uma pistola – também localizada no sítio e não apreendida -, enquanto o contato paraguaio da organização foi liberado.
Diálogos
Documentos obtidos pelos repórteres do Jornal da Band mostram detalhes do diálogo do acusado e da advogada. Feitosa pede que um par de alianças que também foi apreendido no sítio, que seria de sua namorada, fosse devolvido pelos policiais.
Os policiais teriam dito que Feitosa era o “Tio Patinhas”, em referência ao personagem rico. Os diálogos revelam que Feitosa também fazia pagamentos a policiais de Taboão da Serra, também na Grande São Paulo. O acusado usava uma loja de produtos eletrônicos na Rua Santa Ifigênia, no centro da capital, para disfarçar suas atividades ilícitas, ainda segundo a reportagem.
Ele foi preso na Operação Quinta Roda da PF de Araçatuba, que deteve 29 pessoas ao todo e apreendeu meia tonelada de cocaína e 29 toneladas de maconha, além de armas e munições. As investigações, incluindo a dos policiais civis, ainda estão em andamento.
À Band, a Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que a Corregedoria da Polícia Civil abriu investigação sobre o caso. A assessoria da SSP não atendeu os telefonemas do jornal O Estado de S. Paulo na quinta-feira à noite. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.