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Policial e mulher se encontraram em restaurante antes de agressão

O policial civil José Camilo Leonel, de 51 anos, e a estudante Iolanda Delce dos Santos, de 29, estiveram juntos em um restaurante, nos Jardins, um pouco antes de ela ir até uma loja de tapetes no mesmo bairro e, por não chegar a um acordo com o proprietário, chamar o agente e ele espancar o comerciante várias vezes.

O encontro de Leonel e Iolanda foi gravado pelas câmeras de segurança do restaurante, que fica na Alameda Gabriel Monteiro da Silva. As imagens foram apreendidas pela Corregedoria da Polícia Civil. Para os policiais que investigam o caso, esta é a principal prova de que os dois se conheciam e combinaram como seria a ação na loja de tapetes. No primeiro depoimento, o investigador e a estudante negaram ser amigos. Iolanda presta depoimento na tarde desta quinta-feira, 25.

O jornal “O Estado de S. Paulo” teve acesso às imagens. Iolanda chega primeiro, por volta das 13h30 do dia 21 de janeiro, e senta à mesa do lado de fora. É atendida por um garçom e fica esperando pelo policial. Ela fuma um cigarro, se levanta algumas vezes e mexe no celular. Leonel aparece depois de aproximadamente 10 minutos. Ele entra sorrindo no restaurante, dá um beijo no rosto de Iolanda e os dois se sentam. A conversa é longa, dura mais de 30 minutos, depois eles saem juntos. Nesse período, foi pedida apenas uma água para a estudante.

Iolanda entrou na Tapetes Tabriz, na Avenida Brasil, por volta das 14h20. Ela conversou com o proprietário, Navid Rasolifard, de 47 anos, e exigiu a devolução do dinheiro pago por um tapete persa comprado em dezembro. Foi o terceiro encontro dos dois. O comerciante afirmou que não poderia devolver o dinheiro, R$ 5 mil, mas ofereceu um vale compras. Como não houve acordo, ela saiu dizendo que chamaria a polícia. Em poucos minutos, o investigador Leonel, lotado na Divisão de Operações Especiais (Dope) da Corregedoria, encosta a viatura oficial no estacionamento da loja.

Depois de uma rápida conversa, o policial começa a agredir o comerciante. Rasolifard recebe socos, chutes e tem a arma apontada contra a cabeça. O investigador ainda ameaça atirar em um funcionário que tentou separar os dois. Leonel leva o comerciante para fora, dá mais socos e chama “apoio” do Grupo de Operações Especiais (GOE) dizendo que havia um roubo em andamento. Antes da chegada dos policiais, o comerciante é agredido de novo.

Depois de ser algemado, Rasolifard ainda é hostilizado por Leonel. Antes de ir embora, o policial tenta destruir as imagens das câmeras da loja, mas é convencido de que o equipamento está quebrado. Ele ainda apaga as gravações dos celulares de funcionários e clientes, mas um deles conseguiu salvar o arquivo.

Leonel registrou o caso na Corregedoria da Polícia Civil. Em depoimento, ele afirmou que passava pelo local e resolveu atender “ao apelo” de Iolanda, que estava na calçada da loja e usou a força física porque o comerciante teria se recusado a mostrar documento de identidade.

O caso foi revelado pelo Fantástico, da TV Globo. A Secretaria de Segurança Público informou que foram instaurados inquérito policial e procedimento administrativo contra Leonel, que ainda teve a arma e o distintivo apreendidos pela Corregedoria. O diretor do departamento, delegado Domingos Paulo Neto, apreendeu também o porte de arma do policial.

Procurada, Iolanda não quis falar sobre o caso. Leonel não foi localizado pela reportagem.

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