Estadão

Políticos cobram elucidação do caso Marielle Franco, aberto em 2018

Políticos se manifestaram nesta segunda-feira, 14, por ocasião dos quatro anos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes. Publicações nas redes sociais, principalmente de nomes ligados à esquerda, cobram elucidação sobre quem teria sido mandante do crime – que ainda não foi solucionado.

O provável candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou o homicídio como "brutal e político" e cobrou respostas sobre as investigações. "São 4 anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Um crime brutal e político. Ainda não sabemos quem são os mandantes. Seguimos cobrando justiça! As lutas de Marielle não foram em vão", publicou ele.

O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) lamentou o assassinato da vereadora e disse que o ocorrido causa vergonha ao País. Ele atribuiu a dificuldade de se chegar ao responsável pela ordem do crime a "forças poderosas", mas não deixou claro a quem se referia. "Quatro anos atrás, Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram brutalmente assassinados. Até hoje, forças poderosas impedem o esclarecimento destes crimes brutais", escreveu.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que foi candidato à Presidência da República no ano da morte de Marielle, destacou que, além de vereadora, ela era ativista dos direitos civis. O petista também cobrou esclarecimentos. "O assassinato de uma vereadora e ativista dos direitos civis, Marielle Franco, teve um mandante. Quatro anos depois, o nome de quem encomendou os disparos contra seu rosto, da forma mais covarde possível, não foi revelado. Os fascistas festejam. Asqueroso".

Manuela d Ávila, vice na chapa de Haddad em 2018, lembrou que, durante a campanha daquele ano, o então candidato a deputado federal Daniel Silveira (à época no PSL) posou para uma foto segurando uma placa quebrada de rua com o nome da vereadora. "Sua execução e de Anderson e a profanação permanente de seu corpo – com a quebra de placas, fake news asquerosas e piadas nefastas – foram os sinais mais claros daquilo que nosso país passou a viver nesses últimos quatro anos", escreveu.

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) usou a data para relembrar, também, o assassinato de outras pessoas negras no Rio, como o vendedor de balas Hiago Bastos, morto por um policial em fevereiro. "Nesse 14M, os familiares e amigos de Hiago estarão em frente às barcas de Niterói em um grito por justiça. Por Marielle, por Hiago e por todas as outras vítimas desse Estado racista. Há 4 anos queremos respostas. Quem mandou matar Marielle?", publicou.

O perfil oficial das Mulheres do PSOL, partido ao qual a vereadora era filiada, também fez uma publicação chamando para atos em homenagem a Marielle. "Por todo Brasil, uma série de atividades estão marcadas para lembrar seu legado e que a luta por justiça continua", diz a postagem.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) acusou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de proteger o "estado miliciano" do Rio, o que, segundo o parlamentar, engloba o mandante do assassinato. "Marielle e Anderson foram vítimas do estado miliciano, que nós tanto combatemos e que encontra seu porto seguro no Palácio do Planalto", escreveu.

A também deputada Erika Kokay (PT-DF) repetiu a tese de que a ordem do crime teria partido da milícia carioca, mas não mencionou o Planalto. "Quem mandou matar Marielle e por quê? Ainda não temos respostas. Derrotar a República das Milícias é fundamental para elucidação desse crime que chocou o Brasil e o mundo."

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que hoje "é um dia de dor, mas também de luta por justiça". "Seu legado segue encontrando novos caminhos e alcançando milhares de brasileiras e brasileiros todos os dias. Hoje é um dia de dor, mas também de luta por justiça. Quem matou Marielle e Anderson? Por quê? A mando de quem? Marielle e Anderson, presentes!", publicou.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) também fez um apelo por justiça para o caso: "1461 dias à espera de resposta sobre os mandantes desse crime brutal e covarde. Não vão nos calar, não vamos descansar, exigimos justiça por Marielle e Anderson".

Como mostrou o <i>Estadão</i>, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) tem revisitado o material colhido durante toda a investigação para ouvir novos depoimentos e reexaminar, com tecnologia mais moderna, os celulares aprendidos nas apurações. O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos há três anos, acusados de serem os executores do crime. O julgamento de ambos ainda não foi marcado.

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