Na sugestiva foto de primeira página da edição de ontem deste HOJE aparecia a foto de uma ponte sobre o rio Baquirivu, próxima ao Jardim Nova Portugal, coincidentemente uma área que passou mais de dez anos sob a ameaça de desapropriação para a construção da terceira pista do Aeroporto Internacional. O que mais chamava a atenção na imagem era o fato da construção estar concluída em sua parte central, faltando apenas as cabeceiras. Só que não existem, dos dois lados, acessos ao local. Ou seja, como aparecu no título, trata-se de uma ponte que liga o nada ao lugar algum.
Preocupa o fato da ponte ter sido construída há mais de dez anos com verbas públicas do governo federal, provavelmente para garantir o acesso ao nunca concluído terceiro terminal de passageiros de nosso Aeroporto. Próximo dali estão os esqueletos abandonados da outra obra, tão necessária para a cidade, mas ainda sem previsão de conclusão.
Pesa ainda o fato da ponte estar em um local carente de acessos. Há mais de um ano, a passagem em área da Infraero que permitia a ligação da avenida Jamil João Zarif à rodovia Hélio Smidt está fechada devido à interdição, por motivos de segurança, da única ponte existente na região. Por mais que o acesso era restrito a autoridades, funcionários do Aeroporto e moradores devidamente credenciados, servia como válvula de escape no conturbado trânsito daquela região.
Não se espera que a ponte abandonada possa servir de acesso permanente àquela região, já que ela – em sua concepção, em tese – faz parte de um projeto maior, ligado ao Aeroporto. Porém, mesmo que de forma precária, ela poderia ser utilizada provisoriamente, para facilitar o acesso da população da região. Lamenta-se demais que o dinheiro público possa ser tão mal utilizado, a ponto de – ao serem questionados pela reportagem – os responsáveis se fingirem de mortos e preferirem o silêncio.
