Eleito de forma democrática em 2018, o presidente Jair Bolsonaro é um governo do povo, pelo povo e para o povo, mesmo que a pressão contra seu mandato esteja em ascensão em diversos setores da sociedade brasileira. A avaliação é do cientista político e pesquisador da FGV-SP, Humberto Dantas, um dos autores do livro "Ciência política e políticas de educação". De olho na estrutura conceitual, Dantas destaca que a sociedade é tanto a "culpada" pela escolha do chefe do Executivo quanto o agente que pode mudar a situação.
Em entrevista ao <i>Broadcast Político</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, sobre o lançamento do livro, o cientista político explica que a obra busca traduzir os desafios introdutórios à ciência política com ênfase às políticas públicas de educação no Brasil. Inicialmente pensado para subsidiar uma pós-graduação, o livro é dividido em cinco módulos e 38 capítulos, que buscam avaliar o compromisso de uma nação com a educação para a vida democrática.
Entende-se por "povo" quem ao menos pode decidir politicamente, a exemplo do chefe do Executivo. No caso do presidente Bolsonaro, o cientista político diz que o povo "não pode se isentar e falar que não escolheu". Mesmo que o governo some forte rejeição atualmente, "é o governo escolhido pela sociedade brasileira para governar".
Apesar de o povo ter tomado a decisão, o pesquisador afirma que, caso seja de interesse, a sociedade não pode perder de vista a oportunidade de mudar o governo. E, além disso, "a relevância de compreender a importância de se ter a oportunidade de fazer isso", destaca o especialista.
Mesmo com a recente aproximação do governo com o Centrão, com significantes trocas ministeriais, Dantas reforça que o povo ainda tem um governo composto por ele e que o governa para ele. Apesar de setores da sociedade repensarem no apoio a Bolsonaro, o presidente ainda soma uma parcela da população fiel ao seu governo, a exemplo de setores da economia, como o agronegócio.
Já no campo ideológico, a nova aproximação com o bloco também pode gerar dúvidas ao eleitorado em relação ao discurso em que Bolsonaro foi eleito em 2018, com fortes críticas ao Centrão e à corrupção. Mesmo em uma "traição do discurso" em relação às eleições passadas, Dantas pontua que Bolsonaro ainda não traiu o superconservadorismo, eleitorado que segue como base forte ao presidente.