O ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto (MDB) disse nesta quarta-feira, 8, que há possibilidade de um acordo do MDB com o PSDB no Estado, mas ressalvou que talvez não ocorra no prazo pedido pelos tucanos, que termina nesta quarta-feira, 8. Como contrapartida para o apoio tucano à pré-candidatura presidencial de Simone Tebet (MDB), o PSDB pediu que os emedebistas apoiassem o ex-governador Eduardo Leite na eleição para o Palácio Piratini.
"O fato de mostrar que (o MDB) está trabalhando, que está conversando, que tem um caminho aberto para o entendimento, acho que isso é positivo", afirmou Rigotto ao <b>Estadão</b>.
O comando nacional do PSDB deu até esta quarta-feira para que o MDB anuncie um acordo no Estado. A Executiva Nacional tucana vai se reunir nesta quinta e pretende definir o apoio à pré-candidata a presidente do MDB ou a apresentação de um pré-candidato do PSDB.
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, disse ao <b>Estadão</b> que a Executiva tucana "vai avaliar" a sinalização de entendimento. Leite adotou o mesmo discurso e afirmou que vai esperar os próximos passos do MDB. "Vamos aguardar o movimento que farão", declarou.
Germano Rigotto se reuniu na terça-feira, 7, com Leite e o presidente do MDB do Rio Grande do Sul, Fábio Branco. Segundo Rigotto, os partidos de centro não podem estar divididos na eleição nacional e do Rio Grande do Sul.
"A conversa tinha esse objetivo de analisar o quadro estadual como fica, a posição do Eduardo sendo candidato, o quadro nacional e a busca de uma candidatura de centro para se fortalecer esse enfrentamento à polarização", declarou.
Mesmo assim, o ex-governador pediu cautela e disse que um acordo não vai sair de um dia para outro. "Isso também se reflete no Estado, é a mesma coisa, o centro não pode se dividir no Estado. Tudo isso está sendo analisado e conversado. Agora, não é uma decisão que acontece de um dia para o outro".
Após o encontro, Branco divulgou uma nota na qual anunciou que a pré-candidatura de Gabriel Souza (MDB) ao governo estadual está mantida. Apesar disso, o diretório estadual do partido disse que o diálogo com outras legendas permanece. "O MDB do Rio Grande do Sul segue dialogando com aqueles que desejam construir uma aliança para dar continuidade ao projeto de desenvolvimento do Estado, mas mantém a pré-candidatura de Gabriel Souza ao Piratini".
Rigotto afirmou que a legenda não pode retirar a pré-candidatura de Gabriel Souza neste momento, mas defendeu uma "construção interna" para que isso seja feito "sem sequelas". Para reforçar a dificuldade em abrir mão da candidatura imediatamente, o gaúcho citou a força do MDB no Estado e disse que o partido elegeu quatro dos dez governadores após a redemocratização.
"A conversa que nós tivemos foi a necessidade de muito entendimento interno, muito debate para a construção da melhor alternativa. Isso foi dito pelo presidente do partido e por mim ao Eduardo", afirmou.
A ideia é que Souza seja candidato a vice na chapa de Leite. O emedebista foi presidente da Assembleia Legislativa quando o tucano era governador e atuou em sintonia com os projetos de interesse do governo do Estado.
Leite é candidatíssimo a governador, diz Rigotto
Leite deixou o cargo de governador no fim de março e se colocou à disposição do PSDB para a eleição presidencial. Como não houve acordo para sua entrada no páreo, e o ex-governador de São Paulo João Doria ainda não havia desistido de concorrer, o tucano interrompeu as articulações nacionais e passou a se concentrar na política gaúcha.
Para Rigotto, Leite é "candidatíssimo" a governador. "Ele está definido a ser candidato, mas realmente acho que está esperando esse fortalecimento do nome dele com os apoios que está buscando. De qualquer forma, sinto que ele é candidatíssimo ao governo", disse.
O MDB e o PSDB eram adversários no Rio Grande do Sul e chegaram a polarizar a última eleição estadual, em 2018, quando Leite enfrentou o ex-governador José Ivo Sartori (MDB), mas se aproximaram quando o tucano era governador e Souza comandou o Legislativo estadual.