O papa Francisco decidiu cortar os salários de cardeais e clérigos em razão do agravamento da crise econômica no Vaticano causada pela pandemia de coronavírus. Um alto prelado do Vaticano disse à agência <i>Reuters</i> que esta seria a primeira vez que a medida foi tomada.
Em uma carta apostólica publicada nesta quarta, 24, o papa anunciou que a partir de 1.º de abril o salário dos cardeais será reduzido em 10%, e o dos chefes e secretários de ministérios em 8%. Clérigos e religiosos terão o pagamento reduzido em 3%. "Um futuro economicamente sustentável requer hoje, entre outras decisões, a adoção de medidas relativas aos salários dos funcionários", escreveu o papa.
Ele considera que as despesas devem ser contidas e por isso decidiu intervir "segundo critérios de proporcionalidade e progressividade" com ajustes que afetam especialmente os clérigos, os religiosos e os níveis mais altos de remuneração, informou o site <i>Vaticano News</i>.
Acredita-se que cardeais que trabalham no Vaticano e vivem lá ou em Roma recebem cerca de 4 mil a 5 mil (R$ 26.520 a R$ 33.150) por mês, e muitos moram em apartamentos grandes com aluguéis abaixo do mercado.
Francisco, de 84 anos, vem de família da classe trabalhadora e sempre insistiu que não quer despedir pessoas em tempos econômicos difíceis. A decisão foi tomada em razão do "déficit que há vários anos marca a gestão econômica da Santa Sé" e, sobretudo, pela situação provocada pela pandemia, "que afetou negativamente todas as fontes de receitas da Santa Sé", explicou o papa no documento.
Os aumentos salariais por tempo de serviço também estão suspensos por dois anos para todos os funcionários de nível 4 e superiores. As contas do Vaticano estão no vermelho pela queda nas doações (25%), à perda líquida de receita dos Museus do Vaticano (85%) e às reduções que teve de aplicar em 2020 aos aluguéis de suas instalações para empresas em crise após o ano sombrio causado pela pandemia.
A Cúria Romana, administração central da Igreja Católica que agrupa 60 entidades ao serviço do papa, registrou um buraco "da ordem dos 90 milhões" (cerca de R$ 600 milhões), nas suas contas de 2020, em comparação a um déficit de 11 milhões (cerca de R$ 73 milhões) em 2019. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>