Opinião

Por trás das greves das polícias

Depois de mais de dez dias de greve, os policiais militares da Bahia voltaram ao trabalho neste final de semana sem conquistar muita coisa. Pior: perderam a confiança da população, já que utilizaram a sociedade como escudo para suas reivindicações. Com o crescimento assustador da violência, gravações telefônicas divulgadas na última quinta-feira revelaram que os líderes do movimento estavam promovendo o caos nas principais cidade daquele Estado, sendo responsáveis, inclusive, por algumas práticas criminosas.


Já a greve da polícia do Rio de Janeiro, que pretendia incluir o Corpo de Bombeiros, a Civil e a Militar, não decolou, apesar de aprovada em assembleia. O objetivo, conforme mostraram também gravações telefônicas, era colocar o governo carioca na parede justamente na semana que antecede o carnaval, período em que a “cidade maravilhosa” recebe dezenas de milhares de turistas, inclusive de outros países.


Do sucesso dos movimentos nesses dois estados, dependiam a eclosão de greves em outros estados da Federação. Na verdade, a pressão dos agentes de segurança pública tem como pano de fundo a PEC 300, um projeto de emenda constitucional, que tramita no Congresso desde 2012, com o objetivo de unificar os salários em todo o país, a partir do que é pago no Distrito Federal, onde os valores são bem maiores.


De suas partes, os governadores – inclusive o de São Paulo, Geraldo Alckmin – tentam de todas as formas possíveis, impedir que a emenda seja colocada em votação ou mesmo aprovada. O governo federal, por sua vez, atendendo à reivindicação deles faz de tudo para empurrar o problema para a frente. Assim, impedidos de fazer reivindicações salariais, pela própria Constituição, essas categorias acabam promovendo os movimentos de paralisação à margem da lei. Algo um tanto contraditório, mas real.


Nesta semana, associações de PMs de São Paulo vão se reunir para debater o problema e até sugerir um movimento de paralisação. Dificilmente eles vão parar de verdade depois dos fiascos na BA e RJ. Mas a luz de advertência para os governos está acesa. Passa da hora de melhor valorizar os homens da segurança em nosso país. Sob pena de o Brasil perder o controle sobre a lei e a ordem. A situação não é nada alentadora.

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