Opinião

Por trás do Shopping Center Norte

O fechamento do shopping Center Norte, na manhã de ontem, após liminar que o mantinha aberto ter sido derrubado no fim da tarde de terça-feira, deveria representar um marco em relação às aprovações de grandes empreendimentos comerciais não só na capital mas no Brasil como um todo. A decisão ocorreu após a Cetesb (Companhia Estadual de Meio Ambiente) ter detectado riscos de explosão no estabelecimento devido ao acúmulo de gas metano no local, já que foi construído em cima de um antigo lixão que serviu a região por muito tempo, até a década de 70.


A decisão pelo fechamento não foi tarefa fácil para qualquer um dos envolvidos. Afinal, são seis mil empregos diretos gerados no shopping, que é um dos mais movimentados do Brasil. Os prejuízos materiais não ficarão apenas com a família proprietária do estabelecimento. Eles atingirão diretamente todos os empresários que mantém lojas no local e, consequentemente, a coletividade dos funcionários. Aos consumidores, enquanto o fechamento perdurar, resta buscar alternativas em outros centros de compras da própria região ou até de Guarulhos.


Muita gente, inclusive, devido à complexidade da decisão, não acreditava que ele poderia realmente ser fechado, principalmente após o acordo firmado na semana passada com o Ministério Público Estadual, que determinou prazos para obras de contenção do gás fossem realizdas. Também havia o fato do monitoramento permanente realizado pelos órgãos competentes, que minimizavam os riscos de uma explosão. Porém, neste momento, o fechamento acabou sendo a decisão mais sábia, mesmo porque ele pode ser considerado um divisor de águas em relação às aprovações de grandes empreendimentos.


Talvez, outras prefeituras, inclusive a de Guarulhos, devessem rever alguns conceitos e analisar mais friamente os processos de aprovação. Além, é lógico, de rever – de forma crítica e isenta – os riscos que podem existir em locais de grande concentração de pessoas e que teriam sido liberados sem os devidos cuidados técnicos. Não é novidade para ninguém que o caso Center Norte não é uma exceção. Pode ser muito mais regra do que muita gente imagina.

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