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Portuguesa frustra torcida no Canindé e Vila Nova sobe para a Série B com vitória

A esperança da Portuguesa de voltar à Série B durou apenas 13 minutos. Nesse recorte do jogo do Canindé, o Vila Nova fez 2 a 0 (o jogo terminou 2 a 1) e acabou com as chances do time paulista de conquistar uma vaga na semifinal e, por tabela, um lugar na segunda divisão nacional do ano que vem. A Lusa vai jogar a terceira divisão de novo. O choro de alguns dos 17 mil torcedores no final do jogo mostra que o sonho de reconstrução do time do coração virou frustração. Mais uma.

Existe uma dimensão subjetiva por trás desse fato cru, da notícia pura e simples. A torcida comprou a ideia de que seria possível subir. Havia fé. Ainda existiam filas para comprar ingressos no começo do jogo. Todos os dez mil ingressos que poderiam ser trocados por garrafas PET já estavam esgotados na sexta-feira. Teve gente que foi ao estádio só para concorrer a uma diária no motel ou a uma pizza da Cézanne, sorteios da área de marketing, mas está valendo. Estavam na mesma vibração. A euforia na entrada do estádio pintava com cores verde e vermelha o slogan “Eu acredito”, marca registrada do Atlético Mineiro. Balões, fogões de artifício e uma festa incomum criaram um clima de esperança, quase certeza, na vitória por dois gols de diferença.

O Vila Nova não era o vilão da história e também fez o jogo mais importante do ano. O técnico Marcio Fernandes foi ao banco de reservas mesmo depois do falecimento do seu pai, Ernesto Fernandes, na madrugada de sábado por causa de uma AVC. Ele foi ao velório em Santos e voltou para comandar ao time no retorno à Série B.

Foi um jogo de Série C com jeitão de Séria A. O Canindé tremeu. Literalmente. Na era dos novas arenas, o estádio da Portuguesa ainda balança como nas antigas. Isso não assusta, mas impressiona. Foi assim na entrada do time e nas (poucas) chances de gol.

Os torcedores tiveram poucos motivos para fazer o estádio tremer. O silêncio começou a pesar aos 3 minutos, quando Vinícius Simon cabeceou em cima do goleiro e, no rebote, acertou a trave. Foi um presságio do que viria a seguir. O Vila Nova fez uma partida melhor do que em Goiânia, onde triunfou por 1 a 0. Sempre pela esquerda, Marinho e Gustavo Bastos cravaram a bandeira do time goiano no território do rival, tocando a bola de pé em pé. Os goianos foram espertos e exploraram a fragilidade da defesa da Lusa no jogo aéreo. Aos 10 minutos, Frontini fez de cabeça. O Canindé parou de balançar. Três minutos depois, o mesmo atacante finalizou sozinho e marcou o segundo. Dava para ouvir o pesar de cada lusitano.

Não foi um jogo de esquemas táticos seguidos à risca. Foi muito mais vivido e disputado do que propriamente pensado e organizado. Coração bola, como canta Alceu Valença. O técnico Estevam Soares, macaco velho do futebol, deu duas mancadas. Escalou Boquita, que se caracteriza por fechar o meio e chegar à frente quando der, quando precisava de mais gente à frente. Quando já perdia por 2 a 0, corrigiu a alteração e colocou Dieguinho. Depois tirou Jonathan, que estava bem no jogo.

A agonia da Lusa não foi uniforme e contínua. Ela teve momentos de nova esperança. Isso aconteceu no final do primeiro tempo, depois que Moisés perdeu o terceiro gol do Vila Nova na cara do goleiro Anderson, que fez grande defesa. Foi no contra-ataque que o time diminuiu com Paulinho. Foi nesse momento que o Canindé cantou o “Eu acredito”.

O jogo foi quente também nas divididas e nas provocações. No final do primeiro tempo, foram expulsos Frontini, Hugo e o técnico Marcio Fernandes. No intervalo, os jogadores do Vila Nova reclamaram de uma tentativa de arrombamento no vestiário.

A Portuguesa voltou entusiasmada, mas pouco organizada. Rondou a área do Vila Nova, mas só arrancou um “uh” da torcida: cabeçada de Paulinho para fora. As pernas, que já não eram tão habilidosas, ficaram ainda mais pesadas com o fracasso inevitável. Cabisbaixos, os torcedores começaram a ir embora aos 30 minutos do segundo tempo. Sem olhar para trás.

Enquanto isso, os torcedores do Vila Nova comemoram muito o acesso da equipe para a Série B. O time goiano vai encarar o Brasil de Pelotas, que eliminou o Fortaleza, nas semifinais da Série C.

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