Embaixadores da União Europeia e de países europeus foram ao Itamaraty nesta sexta-feira, dia 25, pedir o endosso do Brasil à resolução que condena a invasão da Ucrânia pela Rússia, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O texto é patrocinado por Estados Unidos e Albânia. As potências ocidentais e o Japão querem trazer o Brasil para uma estratégia de isolar a Rússia de Vladimir Putin nos fóruns multilaterais.
Como o <b>Estadão</b> mostrou nesta quinta-feira, dia 24, assessores do Palácio do Planalto e diplomatas da cúpula do Itamaraty indicaram que o Brasil vai apoiar a resolução. Eles indicavam que o presidente Jair Bolsonaro deu aval à chancelaria para orientar o embaixador que representa o Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, a sair da neutralidade e adotar a resolução. O teor do texto, no entanto, ainda estava sendo negociado pela delegação brasileira em Nova York.
A diplomacia dos Estados Unidos também recebeu tais indicativos de apoio brasileiro. Em Brasília, embaixadores estrangeiros de países do G7 mostraram otimismo. Eles conversaram com jornalistas na embaixada da Alemanha. Os embaixadores e encarregados de negócios dos Estados Unidos, Ucrânia, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e União Europeia mostraram otimismo e destacaram a importância da "voz do Brasil".
"Precisamos de uma condenação clara e unânime desse ataque, por parte de todas as nações membros da ONU, e igualmente do Brasil, a fim de isolar a Rússia como resultado de sua agressão militar", disse o anfitrião, o embaixador alemão Heiko Thoms.
"Temos confiança de que o Brasil vai fazer o correto", afirmou Douglas Koneff, encarregado de negócios da embaixada norte-americana.
"Temos uma coisa muito notável nesta crise, que é a unidade de muitos atores", destacou a embaixadora da França, Brigite Collet, que considerou ser viável a edição do texto da resolução no Conselho de Segurança para conseguir a adesão do Brasil, até o momento que os países autores a levem a voto. "Hoje é um dia muito importante em Nova York, porque uma resolução muito firme, muito forte, será apresentada ao Conselho de Segurança. Esperamos que o Brasil vote a favor, condenando a agressão da Rússia contra a Ucrânia."
"Ninguém pode se considerar fora da mesa, sobretudo países que estão no Conselho de Segurança", ressaltou Ignácio Ybáñez, chefe da delegação europeia em Brasília. "Estamos convencidos de que estamos sendo ouvidos pelo governo brasileiro, todos somos amigos, desejamos contar com o Brasil."
Segundo ele, a comitiva de embaixadores se encontraria com o embaixador Paulino Franco, secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania do Itamaraty e atualmente respondendo pela Secretaria Geral das Relações Exteriores, o segundo posto da diplomacia.
"É hora de as grandes democracias usarem sua voz e sua influência nos fóruns internacionais", disse a encarregada de negócios do Reino Unido, Melanie Hopkins. "É muito importante que todas as democracias condenam a agressão russa ao povo ucraniano, é uma clara violação de direito internacional e das regras que beneficiam a todos os países, inclusive ao Brasil."
O embaixador do Japão lembrou que a falta de uma reação das grandes democracias pode levar a um sinal permissivo da comunidade internacional e que situações semelhantes podem se repetir. Há temor especial com relação à crise entre Taiwan e a China.
"Se ignoramos essa violação do direito internacional e da soberania a mesma coisa pode ocorrer no futuro na Ásia, na América Latina e outras regiões, por isso estamos falando com parceiros latino-americanos, sobretudo com o governo brasileiro, para colaborar mais para melhorar a situação e resolver o problema de hoje", disse o embaixador do Japão, Teiji Hayashi.