Estadão

Poucas vezes vi tanto interesse dos países da União Europeia na América Latina, afirma Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 19, que notou um grande interesse dos europeus em fazer investimentos na América Latina durante o encontro de cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia (UE), em Bruxelas.

O presidente classificou a reunião como "a mais exitosa" entre as que já participou com a União Europeia. "Poucas vezes vi tanto interesse político e econômico dos países da União Europeia na América Latina, possivelmente pela disputa entre Estados Unidos e China, possivelmente pelos investimentos da China na África e na América Latina, possivelmente pela Nova Rota da Seda, possivelmente pela guerra", disse Lula, durante entrevista coletiva concedida pouco antes de deixar Bruxelas.

Em relação ao Brasil, Lula afirmou considerar "muito importante" o interesse da União Europeia por dois motivos: pela retomada de "todas as políticas de inclusão social que o mundo inteiro conhecia e que o governo anterior simplesmente aboliu" e pela decisão do País de fazer a "transição energética", que abre possibilidade de investimentos "na chamada economia verde".

O presidente disse ainda que o País deve apresentar, em agosto, uma proposta de transição energética e ecológica. "O Brasil vai mostrar ao mundo que nós vamos definitivamente entrar na chamada bioeconomia, na economia verde, para que a gente possa servir de exemplo para o mundo e possa dar nossa contribuição."

Lula destacou a realização, em agosto, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), com a participação dos oito países que possuem partes da floresta, além de países convidados que também possuem grandes coberturas florestais. "Pretendemos, com esse encontro, preparar um documento para ser levado para a COP28, que será realizada no fim do ano nos Emirados Árabes", disse o presidente, em referência à 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.

Lula informou ter participado de dez encontros bilaterais com líderes estrangeiros durante a cúpula Celac-UE e revelou ter marcado uma reunião com empresários brasileiros e alemães em Berlim, no fim do ano. "Vamos tentar fazer encontros do tipo com todos os outros países", afirmou. "O papel do governo é abrir portas. O Brasil está vivendo outro momento, está recuperando o prazer de fazer política internacional, o Brasil está voltando a ocupar seu papel de protagonista."

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