Poupança ajudará a mitigar efeitos do fim das medidas emergenciais, diz BC

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 5, que a combinação de manutenção da massa salarial com redução de consumo na pandemia gerou uma poupança circunstancial que vai aliviar o efeito na economia da retirada do auxílio emergencial. "A poupança pode ser precaucional ou circunstancial. No Brasil, a poupança é, em grande parte, circunstancial, que vai mitigar o efeito da desaceleração do auxílio emergencial", observou Campos Neto ao participar de congresso do Instituto Líderes do Amanhã. "A poupança circunstancial é dinheiro que vai voltar para a economia", complementou.

Ao reforçar a importância de o Brasil respeitar regras fiscais como o teto dos gastos, Campos Neto disse que o BC tem na Selic um instrumento de política monetária de curto prazo que depende da credibilidade do País para se propagar para o longo prazo.

"Mais importante do que juros curtos é a credibilidade, que vai fazer os juros longos caírem … A Selic é um instrumento que utilizamos, mas para que esse instrumento se propague é preciso ter credibilidade", assinalou o presidente do BC, acrescentando que o Brasil "não gira na Selic, gira na credibilidade".

Campos Neto assinalou ainda que os investimentos públicos têm o papel de serem uma primeira alavanca de retomada de investimentos, mas o seu multiplicador é a credibilidade do País com investidores.

Segundo ele, quando os gastos públicos se prolongam por mais tempo do que o necessário, a deterioração fiscal abala a credibilidade e, em algum momento, haverá uma inflexão, na qual a injeção de dinheiro público na economia passa a ter impacto negativo.

<b>Teto</b>

O presidente do BC destacou durante a sua participação que o governo só conseguiu aumentar os gastos neste ano porque conta com um instrumento que sinaliza o controle das despesas no pós-pandemia e retorno da disciplina fiscal: o teto dos gastos.

Campos Neto defendeu ainda que o Brasil busque soluções privadas para os problemas públicos, e avaliou que a autonomia do BC deve dar segurança para o investidor de longo prazo, além de liberdade para a autarquia, sem pressão de governos, tomar medidas impopulares.

"Com a autonomia, avançamos no arcabouço institucional em meio à pandemia", destacou o presidente do BC.

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