Economia

Poupar e investir são essenciais para garantir estudo dos filhos

Garantir uma boa faculdade para os filhos no futuro é uma missão difícil, mas não impossível. Começar a guardar dinheiro, apostar em um fundo de investimento, plano de previdência privada ou na caderneta de poupança, por exemplo, pode ajudar os pais a custearem uma instituição privada de ensino para quando a criança completar 18 anos de idade. 
 
Segundo especialistas em planejamento financeiro, ter uma renda extra no orçamento familiar é essencial para os pais que desejam começar qualquer tipo de investimento visando à educação dos filhos. Evitar a acumulação de dívidas e ter um emprego estável são outras exigências para o sucesso em uma aplicação financeira de longo prazo.
 
O coordenador do curso de Administração da Universidade Mackenzie de Campinas, Luiz Carlos Lemos Junior, afirma que o mercado tem um leque enorme de opções de investimentos e a melhor escolha vai depender do tipo de perfil dos pais investidores. “Em primeiro lugar, eles precisam ter uma conta bancária que seja acompanhada por um gerente, porque esse especialista poderá orientá-los quando for o momento de mudar de investimento de acordo com o objetivo pretendido”, acredita.
 
Perfil
 
Os investidores costumam ser classificados em três perfis: arrojado, moderado e conservador. A diferença entre eles é basicamente o tipo de risco que cada um está disposto a enfrentar. No caso do arrojado, os investimentos costumam ser de alto risco, sem liquidez imediata. O moderado busca uma aplicação de baixo a médio risco, já o conservador procura uma aplicação de baixíssimo risco e com rápido retorno.
 
Para Rafael Silva Ferreira, mestre em economia pela FGV-SP e planejador financeiro, a disciplina é a maior aliada no momento de acumulação dos investimentos. “E para qualquer tipo de perfil, paciência e perseverança são essenciais, além de muita pesquisa sobre instituições consolidadas no mercado que possam garantir tranquilidade no momento de gerir os recursos aplicados”, orienta.
 
 
Mensalidade
 
De acordo com um levantamento da consultoria Hoper Educação, feito com mais de duas mil faculdades no Brasil, o valor médio da mensalidade cobrada por instituições privadas de ensino superior no país, em 2014, é de R$ 645,00. As mensalidades mais altas estão no Estado do Rio Grande do Sul, e as mais baratas, em Alagoas.
 
No entanto, em todas as regiões há cursos que podem custar três e até quatro vezes mais do que a média. Uma graduação em Direito na Universidade Mackenzie de São Paulo, por exemplo, chega a R$ 1.681,00 por mês. No Rio de Janeiro, um curso de Economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) requer mensalmente a quantia de R$ 3.223,00.
 
Cláudio Sanches, diretor de produtos de investimento e previdência do Itaú, recomenda que os pais se preparem também para custear, além da mensalidade da faculdade, livros, materiais, transporte e, eventualmente, moradia. “Embora esse valor possa variar de acordo com a região do país, eles precisam estar preparados para garantirem pelo menos R$ 1.800,00 mensais durante o período universitário do filho”, alerta.
 
O executivo calcula que é possível acumular um investimento de mais de R$ 1.500 mensais por até cinco anos, se os pais começarem hoje um investimento em um plano de previdência privada de R$ 352,00 por mês. “Isso considerando que esse custo subirá pela inflação e que a taxa de juros real (descontada a inflação) seja de 3% ao ano”, afirma.
 
Cursos preparatórios
 
Caso os pais não tenham condições de começar um investimento financeiro para pagar uma faculdade particular para o filho, existe ainda a opção de bancar um curso preparatório com foco nos vestibulares das universidades públicas.
 
O Cursinho da Poli, por exemplo, é acessível aos alunos e famílias carentes, de baixa renda e em situação de vulnerabilidade socioeconômica. “Nosso público tem 90% de alunos vindos da escola pública e nosso objetivo é justamente permitir que essas pessoas tenham condições de disputar uma vaga em uma universidade pública”, conta o diretor da instituição Gilberto Alvarez. 
 
O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e os vestibulares da Fuvest (Universidade de São Paulo), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) são os principais alvos dos estudantes do Cursinho da Poli que se esforçam para garantir o ensino superior gratuito, segundo Alvarez. “Nossa taxa de aprovação é de 60% nas principais universidades do país”, afirma.
 
Previdência privada
 
Foi-se o tempo em que a previdência privada era um tipo de investimento exclusivamente para a aposentadoria. Ultimamente os planos privados de previdência também estão sendo procurados para custear outros projetos de longo prazo, como o pagamento dos estudos dos filhos e netos.
 
Segundo Christiano Ehlers, superintendente executivo de investimentos do Santander, a rentabilidade dos planos de previdência irá depender do fundo no qual os recursos serão aplicados. “Existem diversas opções de planos, como conservadores, de renda fixa e composição balanceada. O importante é começar o quanto antes, porque quanto maior o prazo, menor será o valor da aplicação mensal”, diz.
 
Algumas taxas podem ser cobradas para arcar com as despesas de comercialização e distribuição do plano de previdência privada, e podem variar de acordo com cada instituição financeira. “No Santander uma taxa é cobrada principalmente na saída dos recursos, no caso de um resgate antecipado. Se o cliente permanecer acima de cinco anos no plano ficará isento desta cobrança”, conta Ehlers.
 
De acordo com Cláudio Sanches, do Itaú, os produtos de previdência privada PGBL e VGBL têm rentabilidades idênticas, portanto apresentarão o mesmo saldo no futuro, desde que investidos os mesmos valores. “O interessante da previdência é que o investidor pode mudar seus recursos para produtos com taxas menores à medida que vai acumulando valores, sem a necessidade de resgates, pois a previdência permite a portabilidade entre os planos”, explica.
 
 
 
Fundos de investimentos ganham da poupança
 
Os fundos de investimentos e a caderneta de poupança também são opções que podem ser procuradas pelos pais para acumular recursos com o objetivo de pagar a faculdade dos filhos no futuro. A poupança é considerada uma aplicação bastante conservadora, já a melhor escolha dos fundos vai depender, novamente, do tipo de perfil de risco do investidor.
 
Para o executivo de investimentos do Santander Christiano Ehlers, a poupança, assim como outros investimentos conservadores e líquidos (fundos DI), tem um papel muito importante na gestão financeira de qualquer investidor. “Essas aplicações são a reserva para imprevistos e outros projetos, como a educação dos filhos. Sugiro guardar três meses de renda mensal líquida, ou seja, se o pai ganha R$ 2 mil por mês, deve ter R$ 6 mil aplicados em um investimento de baixo risco e facilmente resgatável”, recomenda.
 
 
Rentabilidade
 
Segundo o planejador financeiro Rafael Silva Ferreira, a rentabilidade obtida com os fundos referenciados DI é maior que a alcançada na caderneta atualmente. “A poupança tem a dinâmica de acumulação mais simples, já que não tem desconto do imposto de renda. Entretanto, é o instrumento com pior rentabilidade na atual conjuntura econômica”, afirma.
 
Os fundos DI investem em títulos ou operações que acompanham as variações do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) ou a taxa básica de juros (Selic). “O cuidado ao investir nesta modalidade é procurar por fundos com taxa de administração mais baixa, como 1,2%, que pode ser considerada uma cobrança adequada”, complementa Ferreira.
 
Para os pais que já têm recursos acumulados na poupança, o professor de economia da PUC-SP José Nicolau Pompeo recomenda migrar essa quantia para um fundo multimercado, com renda variável vinculada em ações, ou até para um fundo mais conservador de renda fixa. “A remuneração da poupança é calculada com base na taxa referencial (TR) mais juros de 0,5% ao mês. E, quando a Selic do Banco Central ultrapassa 9% ao ano, não compensa investir na caderneta, porque os fundos estarão rendendo bem mais”, explica.
 
 
 
Saiba quanto guardar por mês para pagar o estudo dos filhos
 
A pedido do Portal Previdência Total, o economista e planejador financeiro Rafael Silva Ferreira fez algumas simulações para mostrar quanto os pais devem investir mensalmente em previdência privada, fundos DI e poupança para bancar o estudo dos filhos durante quatro anos.
 
Foram consideradas a pesquisa da consultoria Hoper Educação, de que o valor médio da mensalidade cobrada por instituições privadas de ensino superior no Brasil, em 2014, é de R$ 645,00; o início da faculdade do filho aos 18 anos de idade; além dos prazos de acumulação para os filhos que nasceram em 2015, que seria de 18 anos, em 2010 (oito anos) e 2005 (13 anos). 
 

 

 

 

Tipo de investimento

 

Valor pretendido

(por mês e durante 4 anos)

 

 

Prazo do

investimento/

acumulação

 

 

Valor do  investimento

(por mês)

 

 

Previdência Privada (VGBL)

 

R$ 645,00

 

8 anos

13 anos

18 anos

 

R$ 296,23

R$ 181,20

R$ 127,55

 

 

Fundos DI

 

R$ 645,00

 

8 anos

13 anos

18 anos

 

 

R$ 327,08

R$ 210,12

R$ 156,11

 

Poupança

 

R$ 645,00

 

8 anos

13 anos

18 anos

 

 

R$ 352,67

R$ 235,60

R$ 182,71

 

*Premissas – Inflação de 6,0% a.a. (para reajuste do valor da mensalidade); rentabilidade da poupança de 0,62% a.m.; rentabilidade bruta do fundo DI e plano de previdência privada VGBL de 0,85% a.m (considerando uma taxa média para a Selic de 12% a.a., taxa de administração de 1,2% a.a. e IR de 15% – para os resgates); VGBL com tributação progressiva/compensável enquadrado na menor alíquota de IR (filho sem uma renda).

 

 

Mais informações www.previdenciatotal.com.br

 

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