A filiação de Sérgio Moro ao Podemos e o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência agitaram as redes sociais do ex-juiz e o consolidaram na terceira colocação no ranking dos presidenciáveis mais populares na internet. Levantamento da consultoria BITES mostra que o último mês foi de inflexão especialmente no Instagram.
Moro ganhou mais de 53 mil seguidores e se distanciou em menções de seus principais adversários no chamado centro político: Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB).
Nos últimos 30 dias, o nome de Moro alcançou 2,41 milhões de citações, uma alta de 107% em relação ao mês anterior. Líderes nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) seguem à frente.
A análise diária das redes do ex-juiz mostra que o efeito da oficialização de sua intenção político-eleitoral foi quase que imediato no Instagram, considerado o meio mais eficaz de atingir eleitores menos politizados.
"Moro vinha caindo no número de seguidores na plataforma desde abril do ano passado, quando deixou o governo Bolsonaro. Chegou ao vale entre 20 de outubro e 1.º de novembro deste ano, quando alcançou 2,505 milhões de seguidores. Desde então, só cresceu e agora é acompanhado por 2,558 milhões", diz André Eler, diretor adjunto da BITES.
<b>Alvo</b>
O especialista em meio digital alerta, no entanto, que esse ganho nem sempre se dá de forma positiva, ou seja, o fato de as pessoas estarem falando mais de Moro não quer dizer que estejam falando bem dele. Ao se assumir pré-candidato, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro virou alvo tanto da rede bolsonarista quanto da petista, o que ajuda a explicar parte do alcance.
Mas a mudança não é apenas numérica, é claramente eleitoral. É possível notar uma diferença visual entre as postagens feitas antes e depois da filiação ao Podemos, em 10 de novembro.
Agora padronizadas e com fotos profissionais, as mensagens trazem sempre o ex-juiz com um discurso de esperança que, muitas vezes, foge dos temas que lhe são mais confortáveis, como o combate à corrupção. "Esse movimento começou já no final de outubro, quando se percebe o trabalho de uma equipe profissional. Antes, os tuítes eram escritos por ele mesmo e agora há material de design, com as cores que devem marcar sua campanha, assim como um provável slogan: Por um Brasil justo para todos . Outra mudança é que ele passa a falar de temas variados, como economia, por exemplo, para tentar mostrar que não será um candidato de uma nota só."
O investimento fez com que o volume de interações do pré-candidato também desse um salto de 37% no último mês, sobretudo porque ele passou a usar mais as redes. Em média, três vezes mais do que antes da filiação – foram 246 mensagens no período analisado pela consultoria.
<b>Livro</b>
O gráfico elaborado pela BITES aponta o dia 30 de novembro como o de maior menções ao pré-candidato no período. Com o lançamento de seu livro – Contra o sistema da corrupção -, ele chegou a ultrapassar Lula nas redes.
Ao divulgar o livro, aliás, o ex-juiz escolheu postar uma foto na qual sua obra está anunciada ao lado da biografia do petista. A evolução dos posts mostra que o discurso não será só de propostas, mas também de ataques à atual gestão e aos governos petistas.
No Twitter, Moro estava igualmente estacionado em interações, mas ganhou 14 mil seguidores de 10 de novembro para cá.
"É pouco, só 0,42%, porém também significou um ponto de inflexão", completa Eler.
Os números do Facebook ainda são irrelevantes, já que Moro só criou sua conta oficial mês passado.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>