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Praça Roosevelt terá área só para skatistas

Dois anos depois de ser reinaugurada após grande reforma, a Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, vai receber novo pacote de obras que inclui a criação de um espaço delimitado para skatistas e melhorias na acessibilidade para pedestres e deficientes.

Os skatistas, que hoje tomam conta de quase toda a área de 18 mil metros quadrados, vão ficar concentrados em um espaço de 1.152 metros quadrados, onde também serão instaladas cinco rampas para a prática do esporte e bancos metálicos próprios para manobras.

O espaço dos skatistas será chamado de “Skate Plaza”, conforme a São Paulo Obras (SPObras). A licitação foi aberta na sexta-feira. Na reforma, todos os bancos de madeira danificados da praça serão reformados, assim como a guarita da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

O espaço exclusivo para os skatistas também terá piso tátil trocado por um próprio para a prática do esporte. “No espaço deles (skatistas) também vamos colocar corrimões próprios para as manobras, para evitar as quedas, que são comuns hoje por lá. E os bancos de madeira vão ser substituídos por bancos metálicos, também próprios para as manobras”, afirmou Sandra Soares de Oliveira, arquiteta de SPObras responsável pelo projeto de reforma, orçado em cerca de R$ 1,5 milhão.

O governo municipal adiantou que os skatistas não poderão mais usar toda a praça. “Eles estão no espaço inteiro, mas já há placas informando que isso é proibido. Vamos fazer um espaço pensado para eles, com rampas e piso próprios para o esporte”, acrescentou a arquiteta. “E o restante da praça poderá ser ocupado pela comunidade.”

Ao lado do recente polo cultural que se formou na região do Baixo Augusta, a Roosevelt também vai ganhar sinalização para deficientes visuais. “A calçada da Rua Guimarães Rosa será integrada à praça. E na parte dos teatros haverá rebaixamento das guias, criando uma rota acessível para cadeirantes”, explicou a arquiteta. Serão construídas também obras de acessibilidade para facilitar o acesso de pedestres pelas Ruas Martinho Prado e Guimarães Rosa.

Repercussão

Skatistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, no início da noite de ontem, consideraram boa a ideia de uma área exclusiva para eles na praça, com rampas e piso próprio. Mas acreditam que não haverá lugar para todos os que procuram o local. Nesta segunda-feira, 29, por exemplo, a praça estava tomada por grupos de skatistas de variadas faixas etárias – de adolescentes a adultos com mais de 40 anos.

“É muito difícil as pessoas caberem em um único lugar da praça. Mas seria muito interessante ter uma rampa de manobras, um piso que não machuque tanto. Só quero ver caber todo mundo”, afirmou Rodrigo Santini, de 24 anos, webdesigner. Morador no Sacomã, na zona sul da capital paulista, ele vai pelo menos três vezes por semana andar de skate no centro, principalmente no espaço da Roosevelt.

Para o comerciante Ricardo Guzzoni, de 32 anos, o ideal é realmente ter um espaço na Roosevelt para os skatistas. “Tem muita gente aqui na praça se machucando nos corrimões, nos bancos. O piso é ruim e tenho visto a galera se machucar mesmo, de ficar com gesso por meses. Mas quero ver criarem um espaço em que caibam todos os skatistas. Com certeza vai ter fila para entrar no lugar onde for colocada a rampa”, afirmou.

Moradores vizinhos da praça e usuários também aprovam um espaço delimitado para os skatistas. “Pode ver que ninguém vem com criança aqui, porque todo mundo tem medo de se machucar no meio dos skatistas. Só quero ver se essa promessa de criar um espaço para eles vai mesmo sair agora”, disse Verônica Chaves, de 43 anos, que mora na frente do lugar.

Hoje há reclamações de moradores da região e até de usuários de que os skatistas tomam conta de todo o espaço, sem permitir que outras pessoas possam ficar no meio da praça. Os moradores do entorno reclamam por exemplo que, apesar de a prática do skate ser vetada após as 23 horas, jovens costumam passar a madrugada andando no local, principalmente nos fins de semana.

Reinauguração

Segundo a arquiteta Sandra Soares, da SPObras, a partir da contratação da empresa (o que deve ocorrer até dezembro), a reforma deve durar cerca de seis meses.

A revitalização ocorre exatos dois anos após a reinauguração da praça, ocorrida em 29 de setembro de 2012, durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Com 200 árvores, o local ganhou novos ambientes com pisos ecológicos, cobertos por flores de cores variadas, iluminação especial e até um “cachorródromo”, área verde dedicada aos animais de estimação. A intervenção demorou dois anos e custou R$ 55 milhões.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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