A praia da Baleia, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, conhecida por sua organização e infraestrutura devido a uma parceria entre a prefeitura e os moradores locais, amanheceu nesta segunda-feira, 20, com ruas invadidas por lama, trechos de deslizamentos nas encostas e faixa de areia tomada por galhos e restos de árvores arrastadas pelas águas.
A chuva que atingiu a região entre a noite de sábado, 18, e a madrugada do domingo, 19, causou ao menos 36 mortos, sendo 35 deles em São Sebastião e um em Ubatuba. Segundo o governador Tarcísio de Freitas, 40 pessoas estavam desaparecidas no domingo. Os estragos deixaram cerca de 1.730 pessoas desalojadas, e 766, desabrigadas, de acordo com o governo do Estado. Estradas foram bloqueadas, isolando algumas áreas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoou a região na manhã desta segunda-feira e se encontrou no início da tarde com o governador paulista em São Sebastião para discutir medidas para as cidades atingidas.
Moradores e turistas que decidiram aproveitar o carnaval na praia da Baleia têm relatado medo de novos deslizamentos de terra, próximos às casas, e de desabastecimento de alimentos devido ao fechamento do comércio local, atingido pelas chuvas.
Perto da Rio-Santos, que dá acesso à capital, trechos de vegetação nos morro cederam. Há vários pontos na região da praia com pequenos deslizamentos. A terra chegou a invadir uma das pistas, que já foi parcialmente desbloqueada.
Uma padaria e um restaurante tiveram que fechar devido aos estragos causados pela chuva. Não há previsão para que sejam reabertos, o que tem aumentado o temor de desabastecimento. Em grupos de WhatsApp, moradores têm passado informações sobre outros mercados em praias próximas também fechados.
De sábado para domingo, ruas da Baleia ficaram submersas. A água chegou a entrar em garagens, mas sem danificar os carros. Apesar dos muros de contenção em algumas encostas, moradores ainda temem novos incidentes.
No domingo, com a dificuldade de conexão com a internet, havia no local um clima de incerteza e medo. Notícias falsas sobre os números de vítimas das chuvas circulavam entre os moradores e os turistas.
Os cerca de 2,5 km de faixa de areia da praia da Baleia ficaram na manhã desta segunda-feira tomados por galhos e troncos de árvores.
A praia é conhecida por sua infraestrutura, graças à associação de moradores, a Sabaleia, que tem uma parceria com a prefeitura para contratar e treinar funcionários para manter o local em ordem. Das 800 casas locais, 500 colaboram com uma espécie de condomínio de R$ 300 mensais, em média.
Na praia, há lixeiras a cada 200 metros. Vigias orientam turistas em relação a lixo, segurança das crianças e proibição de cães e cinco guarda-vidas trabalham no local.