Opinião

Práticas para superar os discursos

A foto na primeira página do HOJE desta sexta-feira (reproduzida abaixo) é bastante emblemática. Na mesa, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a presidente Dilma Roussef (PT), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e seu colega do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Todos juntos no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, sede do Governo do Estado, por uma causa nobre: o lançamento do Pacto Sudeste, do Programa Brasil Sem Miséria. O objetivo é a retirada de cerca de 16 milhões de brasileiros que ainda vivem na pobreza extrema.


Impossível para qualquer pessoa de bem não compartilhar com esse tipo de causa. Nesse sentido, rivais históricos aparecem lado a lado, até com um discurso afinado. É hora de unir esforços para acabar com a miséria. Mais do que palavras, a prática. Apesar das divergências partidárias, os programas sociais tanto do Governo de SP (Renda Cidadã) como o do Governo Federal (Bolsa Família) serão unificados no sentido de atingir um número maior de famílias. Desta forma, Alckmin e Dilma, por exemplo, se alinham apesar de ambos estarem de olho em, logo logo, tirarem o máximo de proveito possível eleitoral de toda essa boa vontade.


Tanto é assim que a presidente demonstrou certa genialidade em seu discurso, no momento em que ela aparece bombardeada pela oposição (leia-se PSDB de Alckmin) em virtude dos escândalos de corrupção, que afetam diretamente vários de seus ministros. Ao dizer que a maior faxina que o Brasil precisa passar é a da miséria, ela conseguiu ganhar elogios até dos setores mais críticos. Ou seja, nada melhor para a imagem dela um dia após mais um ministro, o da Agricultura, se demitir.


Porém, muito mais do que interesses pessoais, espera-se que as práticas contra a pobreza extrapolem os discursos e que realmente 16 milhões de brasileiros que ainda vivem na pobreza extrema possam ter algum alento. Para tanto, é necessário que ambições pessoais e partidárias realmente sejam deixados de lado.


Caso contrário, tudo não passará de mais um episódio de exibição de egos e de belos discursos.

Posso ajudar?