O início da 38ª edição da São Paulo Fashion Week, nesta segunda, 3, em uma tenda armada no Parque Cândido Portinari foi simples, chique e descomplicado. Para o primeiro desfile da temporada de inverno 2015, a marca Animale trouxe uma coleção assinada pelo estilista baiano Vitorino Campos. Considerado um dos nomes mais promissores da moda nacional, Vitorino apostou em elementos da moda dos anos 1970, transpostos com categoria para o jeito de vestir contemporâneo. Os looks aliam sensualidade e elegância sem afetação, como se estivessem prontos para ganhar as ruas. Essa praticidade, aliás, foi uma característica em comum entre os desfiles do dia.
Vitorino Campos foi buscar na Rota da Seda, que sai de Istambul e termina no Extremo Oriente da China, inspiração para criar o inverno 2015 da marca, que chegou apostando na camisa branca de seda e nas amarrações na cintura, como hit para a estação. “Ele mostrou na passarela uma atitude moderna e extremamente elegante”, afirma a consultora de moda Costanza Pascolato.
A silhueta é feminina e valorizada por fendas, decotes e recortes estratégicos que aparecem nas saias e vestidos em comprimento mídi. Esses vestidos, aliás, são o que Vitorino chama de “peças-rota”. “O vestido vai abrindo na diagonal, ou seja, vira uma tira. Foram roupas complexas de serem construídas, a modelagem é uma loucura”, explica o estilista.
Assimetrias, recortes e amarrações estiveram presentes também na coleção da UMA. A modelagem fluida e descontraída, uma das características da marca, ganhou toques de sofisticação com tecidos nobres como seda e crepe. A palavra de ordem para a estilista Raquel Davidowicz nesta estação é desprendimento. Por isso, peças leves de alfaiataria tiveram as extremidades deixadas no fio, dando um visual inacabado a tudo.
Já no desfile do estilista mineiro Victor Dzenk, que estreia na SPFW, referências equestres deram o tom da coleção. A pelagem do cavalo surgiu também em estampas abstratas, criadas em cima de tecidos finos como o devorê em seda. A delicadeza do tecido entrou em contraponto com o couro das saias plissadas de comprimento Midi.
Mas a coleção mais impactante traz a assinatura do estilista Eduardo Pombal para a marca Tufi Duek, com styling sofisticado de Flavia Lafer. Leggings pretas de couro sintético, botas e sandálias pesadas e vestidos estruturados com tiras tiveram guerreiras medievais como inspiração. “Meu ponto de partida foi o desenho Como Treinar o Seu Dragão. Depois, vi uma exposição incrível sobre os vikings em Londres e decidi apostar nesse universo”, afirma Pombal.
No fim do dia, os desfiles das marcas Pat Bo e Cavalera apresentaram uma moda jovem e cheia de frescor. A estilista Patricia Bonaldi, que debutou na SPFW com a sua marca Pat Bo, trouxe peças de tweed e jaquard, sem perder o movimento das saias rodadas. A saia-lápis ganhou modernidade ao lado de sapatos masculinos baixos e tops curtos, deixando a barriga levemente à mostra. Os bordados exuberantes, que fizeram a fama da estilista, também estiveram presentes e enfeitaram até peças de moletom.
Na Cavalera, a rebeldia da década de 1970 apareceu em looks com xadrez, jeans e estampas florais. O ator global Bruno Gagliasso participou do desfile no qual, mais uma vez, as saias mídi tomaram conta da passarela. Como se viu no primeiro dia da SPFW, o inverno 2015 promete unir feminilidade com funcionalidade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.