Já houve um estouro de quase R$ 1 bilhão nos recursos que o BNDES dispunha este ano para o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), informaram fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Os financiamentos feitos pelo programa contam com taxas equalizadas pelo Tesouro. Por isso, o BNDES não poderia, com recursos próprios de seu caixa, oferecer empréstimos a juros subsidiados, sob pena de incorrer em irregularidade de gestão. Como antecipou o Broadcast ontem, está em negociação a revisão do corte de R$ 30,5 bilhões que o Conselho Monetário Nacional (CMN) havia determinado no mês passado para o programa.
Informações que circulam no Ministério da Fazenda indicam que o prazo para protocolo de novos pedidos de financiamento pelo PSI, que terminou no dia 30 de outubro, deve realmente ser estendido para 27 de novembro, sem recursos novos. De acordo com resolução do CMN, o total de recursos, inicialmente previsto em R$ 50 bilhões, caiu para R$ 19,5 bilhões.
A extensão de prazo sem ao menos uma redução no corte determinado pela Fazenda de nada adiantaria. “Isso só geraria expectativa e, depois, frustração”, afirmou uma fonte ouvida pelo Broadcast. Seria necessário “devolver” ao PSI em torno de R$ 3 bilhões. O ministério da Fazenda, no entanto, avalia que o BNDES não precisa de mais recursos e que a redução do corte do PSI já estava acertada e encaminhada dentro do governo. No Palácio do Planalto, a informação é de que ainda não há decisão fechada sobre o volume de recursos.
Causou grande mal-estar no Ministério da Fazenda a movimentação do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, de se antecipar ao governo e anunciar como fato consumado a reabertura do prazo para o protocolo de pedidos de novos financiamentos do PSI.
Moan informou que havia recebido do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, carta branca para anunciar a mudança, decidida pela presidente Dilma Rousseff. Para a reversão da decisão, o CMN formado pelos ministros Levy, Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central)terá de baixar nova resolução.
O ministro Levy resiste à mudança e o impasse em torno do PSI alimenta a insatisfação dentro do governo em relação a ele. Há uma pressão dos ala política do governo para que a equipe econômica tome medidas voltadas ao crédito e à recuperação da atividade econômica.