A tradicional xícara de café dos brasileiros está mais cara. A seca e as altas temperaturas têm prejudicado a produção do grão, resultando em uma alta acumulada de quase 33% nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado na última terça-feira (10).
Nos supermercados, o impacto já é sentido no bolso: o pacote de 1 kg, que custava R$ 35,09 em janeiro, agora é encontrado por uma média de R$ 48,57, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Além disso, o café registrou seu maior preço nos mercados internacionais de commodities em quase 50 anos, reflexo de uma crise de oferta causada pela queda na produção global. Especialistas apontam que a recuperação das lavouras pode levar tempo, com preços elevados previstos até pelo menos 2026.
O primeiro semestre de 2024 teve períodos longos de altas temperaturas e secas nas regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo. O clima acabou debilitando o pé de café. Para sobreviver e economizar energia, a planta precisou perder muitas folhas, explicam os especialistas.
Apesar de ter chovido durante a florada, período fundamental para o desenvolvimento do grão, as árvores ainda precisaram abortar os frutos.
“Era para estar uma condição muito mais saudável, para que a planta tivesse uma boa produção. Provavelmente, as plantas vão gastar energia, agora, fazendo folha, formando galhos, sendo que era o momento de ela cuidar dos grãos”, diz Renato Garcia Ribeiro, pesquisador especializado em café do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Ainda que o cenário dependa das condições climáticas dos próximos anos, o impacto já é visível no mercado. A produção nacional e mundial enfrenta desafios que vão desde a escassez hídrica até o aumento das temperaturas, fatores que comprometem a qualidade e o volume do café colhido.