Economia

Preço do carvão cai e Vale desativa mina na Austrália

Os preços em queda do carvão levaram a Vale a suspender as operações de sua mina Isaac Plains, em Queensland, na Austrália. A mineradora explicou que a operação não é economicamente viável diante das atuais condições de mercado e que a decisão foi tomada em conjunto com a japonesa Sumitomo Corporation, que é sócia da empresa brasileira no empreendimento.

A diminuição da demanda chinesa por commodities tem provocado uma queda generalizada dos preços de matérias-primas. O minério de ferro, por exemplo, já acumula perdas de quase 42%. Hoje, o valor do insumo renovou mais uma vez a mínima em cinco anos e abriu a semana em US$ 77,7 a tonelada no mercado à vista chinês. No caso do carvão, o valor recuou para menos da metade do preço praticado há três anos. Os preços do carvão de coque têm sido negociados recentemente perto de seus níveis mais baixos em sete anos. Só em 2014, o preço caiu mais de 20%. Em nota, a mineradora destacou que “a decisão é consistente com a estratégia da Vale de focar na disciplina da alocação de capital e maximizar valor aos seus acionistas”.

Já a Sumitomo, em comunicado, disse que espera um prejuízo de US$ 274 milhões com a mina. A produção de Isaac Plains foi de 210 milhões de toneladas métricas de carvão no ano fiscal encerrado em março de 2014.

A Vale é dona de outras duas minas de carvão na Austrália, a de Carborough e a Integra – que teve suas atividades paralisadas em maio. A empresa também explora carvão em Moçambique e na China.

O preço mais baixo dos insumos não tem prejudicado apenas a Vale. A BHP Billinton e a Mitsubishi informaram recentemente uma redução das operações em Queensland, além da demissão de 700 trabalhadores. Outra mineradora, a New Hope Corp., reduziu sua força de trabalho em 7%, demitindo 45 trabalhadores.

No Brasil, o recuo dos preços também tem colocado em xeque a viabilidade de projetos, principalmente daqueles que não têm logística integrada – caso, por exemplo, das siderúrgicas que investem em mineração, como a Gerdau e a Usiminas.

Estoques

Em relatório divulgado ao mercado na semana passada, o BTG Pactual destacou que as mineradoras já colocaram neste ano um adicional de produção de 150 milhões de toneladas de minério de ferro no mercado, levando a uma queda de 40% nos preços no acumulado do ano.

Para o próximo ano, dizem os analistas, a expectativa é de que a capacidade do insumo tenha um acréscimo de mais 100 milhões de toneladas. No momento, os profissionais afirmam ter baixa convicção de que o processo de reestocagem das usinas chinesas levem os preços do minério de ferro novamente para o patamar de US$ 90 a tonelada ou mais. “Sem dúvida há uma realocação de estoques para os portos chineses e os sinais mostram que as usinas estão confortáveis com os níveis de estoques atuais”, destacam os profissionais do BTG.

Os analistas lembram que as restrições de crédito e a fraca demanda do usuário final, além das expectativas com o aumento da oferta, podem ter influência negativa para a reestocagem, assim como para os preços. “Ainda esperamos uma recuperação do preço do minério de ferro em relação aos preços atuais, mas a falta de visibilidade sobre as variáveis chave reduzem a nossa convicção.”

Na semana passada, em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o diretor executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, José Carlos Martins, disse que a mineradora segue “extremamente rentável” apesar da queda dos preços do minério de ferro e que a matéria-prima precisaria cair muito para ela deixar de ser lucrativa. “Muitas empresas já estão deixando de funcionar. Sabe aquela história que o último a sair apaga a luz? Se tiver de apagar a luz, a Vale vai ser a última.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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