O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), cobraram nesta sexta-feira, 5, ajuda da União para bancar o setor de transporte público. Conforme o prefeito disse à Rádio Eldorado, do Grupo Estado, no dia anterior, o Município prevê reajustar a tarifa de ônibus, após dois anos sem aumento, diante da alta do preço do diesel. A Frente Nacional dos Prefeitos, acrescentou Nunes, vai pedir ajuda federal neste setor.
Doria e Nunes disseram que não bateram o martelo sobre o aumento nas tarifas de transporte público, mas sinalizaram que alguém vai ter de pagar a conta do encarecimento dos combustíveis.
"Ao longo de 22 meses de pandemia, o governo de São Paulo bancou mais de R$ 3 bilhões no sistema de transporte público estadual e também na região metropolitana de São Paulo. Sem qualquer ajuda ou contribuição do governo federal. E, para piorar, os aumentos quase quinzenais nos combustíveis", disse Doria, durante a inauguração da estação João Dias da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
"Na COP-26 (Cúpula do Clima, em Glasgow), estão sendo discutidas questões ambientais, e por isso ter um sistema de transporte eficiente é fundamental. O sistema de transporte na capital está há dois anos sem reajuste. Se não houver o aumento, de certa forma o governo terá de arcar com aquele subsídio", afirmou o prefeito.
O peso da inflação no bolso do trabalhador e o aumento que houve nos combustíveis neste ano pressionam as tarifas dos transportes coletivos, não apenas em São Paulo como em todas as outras grandes cidades do País. Por isso, está sendo feita essa articulação para buscar ajuda do governo federal nesta questão.
Atualmente, o passageiro do sistema paga R$ 4,40 pelo modelo unitário. Para o ano que vem, o valor ainda não está fechado, mas, se a correção se der pela inflação acumulada do período, ele pode chegar a R$ 4,92. É comum que os reajustes de ônibus sejam feitos juntamente com o metrô e o trem.
"É natural que a gente sempre discuta no último trimestre a questão tarifária. O que ponderei é que tivemos só neste ano 65,2% de aumento no diesel, o governo federal não conseguiu conter, e isso reflete evidentemente no custo da tarifa. Essa decisão não será tomada apenas pelo prefeito de São Paulo, isso passa pelos prefeitos da região metropolitana e também pelo governo do Estado, por causa da integração com Metrô e CPTM, estamos discutindo. Se não houver aumento da tarifa terei de aumentar o subsídio. É uma questão que temos de debater e ainda não tem nada definido", completou Nunes.
Segundo Paulo Galli, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, está sendo feito um levantamento inicial de custos para avaliar a situação. "Depois, isso será discutido com a Prefeitura para a tomada de uma decisão conjunta mais à frente. Não tem nenhum posicionamento fechado agora. A decisão provavelmente ocorrerá no final de dezembro", disse.
<b>Estação de trem recebeu verba privada</b>
A estação João Dias contou com investimento total de R$ 81 milhões, sendo que R$ 60 milhões foram custeados pela iniciativa privada, fruto de convênio assinado em 2014 entre a CPTM e a Brookfield Properties, e outros R$ 21 milhões de recursos da CPTM. "A partir de amanhã (sábado, 6) ela já estará em operação", afirmou Doria, citando essa inédita parceria com empresas para viabilizar o projeto, que foi iniciado em março de 2020 e está numa área de 5,6 mil m².
Segundo a Prefeitura, a entrega da estação João Dias à população "integra o projeto de expansão da Linha 9-Esmeralda com investimento total de R$ 975 milhões e com objetivo de ampliar as opções de mobilidade e transporte público no extremo sul da capital paulista, que ainda inclui as estações Bruno Covas-Mendes-Vila Natal, inaugurada em agosto deste ano, e Varginha, prevista para ser entregue em 2022". "A estimativa é que cerca de 110 mil passageiros passem a utilizar a Linha 9-Esmeralda diariamente com o funcionamento integral dessas estações."
Após a inauguração da estação da CPTM, Doria e Nunes estiveram juntos novamente para anunciar o Plano de Mobilidade Urbana, que prevê 27 obras e terá um investimento de R$ 5 bilhões em novos modais, corredores, terminais e requalificação de equipamentos já existentes.
"A boa gestão pública é feita conjuntamente. São Paulo é a cidade do país com maior número de obras já autorizadas, nenhuma outra no Brasil tem um volume de obras tão intenso e volume de investimento tão expressivo quanto a capital", disse Doria.
Entre as obras estão a construção dos corredores BRT Radial Leste I e II, BRT Aricanduva e Chucri Zaidan, requalificação de quatro corredores de ônibus, além da implantação do novo Terminal Itaquera. "Somente nessas intervenções serão aplicados R$ 1,4 bilhão, quantia que será dividida igualmente entre os governos municipal e estadual", afirmou o governo.