A polícia das Filipinas matou neste sábado um prefeito em sua cela em um suposto tiroteio, na segunda morte em uma semana de um político supostamente vinculado com as drogas. Os episódios ocorrem em meio a uma violenta campanha de perseguição ao narcotráfico lançada pelo presidente Rodrigo Duterte.
Prefeito de Albuera, na província central de Leyte, Rolando Espinosa Sr. e outro detento morreram baleados antes do amanhecer deste sábado, após supostamente dispararem em agentes durante uma operação de busca de armas de fogo e drogas na prisão provincial de Baybay, em Leyte, disse a polícia. Alguns funcionários e um órgão anticrime pediram que se investiguem as circunstâncias do fato, questionando como os presos teriam conseguido disparar contra vários policiais.
O senador Panfilo Lacson disse que o episódio “cheira a execução extrajudicial”. Ex-chefe da polícia nacional, Lacson disse que as mortes suspeitas são “o maior desafio” para a credibilidade da polícia, encarregada da campanha antidrogas.
A polícia matou outro prefeito na semana passada, Samsudin Dimaukom, e nove de seus homens supostamente em um tiroteio no sul das Filipinas. Espinosa e Dimaukon estavam entre os mais de 160 funcionários mencionados expressamente por Duterte em agosto dentro de uma campanha para envergonhá-los. O filho de Espinosa, um suposto chefe do narcotráfico, foi detido no mês passado em Abu Dabi, capital dos Emirados Árabes.
Após o presidente vincular o prefeito ao mundo das drogas, Espinosa se entregou à polícia em agosto, em ato televisionado nacionalmente. Mais tarde, ele saiu em liberdade, porém no mês passado foi preso acusado de posse ilegal de armas de fogo e também de drogas.
A polícia estima que mais de 3.600 supostos narcotraficantes e consumidores foram mortos desde que Duterte assumiu o poder, em 30 de junho. Muitos dos mortos nos primeiros meses da campanha eram suspeitos pobres e a polícia informou que seu próximo objetivo seriam “alvos de alto nível”, como prefeitos e chefes do narcotráfico, em uma nova fase da operação iniciada no fim do mês passado.
A perseguição e as mortes sem precedentes ajudaram a reduzir o crime, mas o governo dos Estados Unidos e de outros países e entidades pelos direitos humanos mostraram-se alarmados e pediram o fim dessas mortes. Duterte criticou o presidente dos EUA, Barack Obama, e afirmou que combate uma epidemia que afetou a política e outros setores, inclusive generais, além de argumentar que trabalha para evitar que as Filipinas se transformem em um “narcoestado”. Fonte: Associated Press.