A Prefeitura informou, durante uma audiência pública sem participação da comunidade, que investirá R$ 450 milhões na reestruturação do sistema viário do município. Porém não revelou quando efetivamente o plano terá início nem como pretende viabilizá-lo. O projeto inclui até a construção de um túnel na praça Getúlio Vargas e transposição no cruzamento das avenidas Tiradentes com Paulo Faccini, ambos na região central.
Outra transposição, no cruzamento da Monteiro Lobato com Paulo Faccini, também está prevista. Esta se deve à falha no projeto de execução do Viaduto Cidade de Guarulhos (que custou aos cofres públicos R$ 71 milhões e levou quatro anos para ser erguido). O projeto original previa que o viaduto passasse sobre a avenida Monteiro Lobato, não terminasse no cruzamento de duas das principais artérias viárias da cidade.
O anúncio, sem revelar como serão feitas as obras e intervenções e nem a captação dos recursos, foi feito na quarta-feira em audiência pública na Secretaria de Transporte e Trânsito (STT). A linha dorsal do plano é a reestruturação do sistema de transporte público, o que prevê a implantação do Bilhete Único e a criação de corredores e terminais urbanos. Também fazem parte dele a duplicação do viaduto sobre a rodovia Hélio Smidt, na região do Cecap, execução de alças de acesso do viaduto Santos Dumont e readequação do trevo de Bonsucesso.
O secretário de Transportes, José Gonçalo, se apressa em informar que todas as ações que constam no plano estão com projetos em desenvolvimento, alguns na fase básica e outros no processo executivo. "Por isso, lançaremos o edital de licitação em breve", diz o secretário, em texto enviado à imprensa.
A Pasta informou que o plano foi elaborado com base na Pesquisa Origem e Destino 2007 feita pelo governo estadual, por intermédio da Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo. À época da divulgação da pesquisa, durante a gestão da ex-secretária de Transporte, Patrícia Veras, a STT havia informado que desconhecia o levantamento e não poderia falar sobre os problemas apontados.
As obras do Plano de Investimentos em Infraestrutura para Mobilidade Urbana, como foi denominado, acontecerá em parceria com a Secretaria de Obras. De acordo com a Prefeitura, o projeto faz parte do Plano Diretor da cidade – baseado no plano diretor de Curitiba/PR.
Audiência pública – Um dos pontos que mais gerou surpresa na audiência pública realizada na quarta-feira foi a ausência de representantes da sociedade civil organizada. Nem mesmo o presidente da Comissão Permanente de Trânsito e Transportes da Câmara, Romildo Santos (PSDB), foi comunicado.
"Não fui informado desta audiência. Aliás, uma audiência deve ser comunicada a todos os setores, inclusive a comissão", comentou Santos, que ameaça convocar o secretário para prestar esclarecimentos.
Além de órgãos de imprensa de Guarulhos, a Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos do Município de Guarulhos (Asseag) informou que não ter sido convidada para a audiência.
O engenheiro Eduardo Henrique Martins, diretor da entidade, informou que essas mudanças são discutidas e comentadas na cidade há mais de 20 anos. Mas nunca foi apresentado um estudo de viabilidade e impacto destes investimentos.
Ele acrescentou ainda que novamente, como ocorreu nas obras do viaduto, os profissionais da Asseag e do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) não foram chamados para contribuir com as suas experiências e conhecimentos, nem a população que será afetada para dizer os seus anseios.