A Controladoria-Geral do Município de São Paulo (CGM) apura irregularidades na organização da Parada Gay realizada em junho deste ano. A reportagem apurou que, segundo as investigações, há suspeita de manobras ilegais para a contratação da empresa SP Eventos. Um funcionário da Prefeitura responsável pela realização da Parada foi exonerado no mês passado.
As investigações mostram que Eduardo Cardoso, ex-assessor técnico da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, teve participação direta na escolha da SP Eventos. A empresa foi contratada sem licitação por cerca de R$ 1,3 milhão para assegurar a estrutura da Parada, com fornecimento de palco, equipamentos de som e iluminação e toda a estrutura ao redor do evento, como banheiros químicos. A Parada foi realizada no dia 7 de junho.
A CGM informou que só vai se pronunciar sobre o caso após a conclusão das investigações, que já estão na fase final. Na SP Eventos, ninguém atendeu aos telefonemas e a empresa também não respondeu ao e-mail encaminhado pela reportagem até as 21 horas de ontem.
Cardoso, que foi exonerado no dia 19 de outubro, negou qualquer tipo de irregularidade e afirmou que a Prefeitura tem o dever de fazer o levantamento de todos os contratos firmados. “A minha função era ser fiscal do contrato, verificar se a infraestrutura prometida estava disponível (na Parada)”, afirmou. Embora o evento seja de responsabilidade da Associação da Parada do Orgulho GLBT (Apoglbt), cabe à Prefeitura a contratação de toda a infraestrutura.
Sem licitação
Não é a primeira vez que o nome do ex-assessor técnico aparece em investigações da CGM. Em setembro, ele foi citado em apuração sobre um suposto esquema de fraude em contrato de R$ 4,3 milhões da Secretaria Municipal de Direitos Humanos com uma empresa de serviços de gráfica. A suspeita é de que, com a ajuda de servidores, um mesmo grupo empresarial tenha se inscrito com diferentes nomes para simular uma concorrência. A licitação foi suspensa.
Segundo a CGM, durante a licitação, as empresas Graftec Gráfica e Editora, RGB Mídia e Editora, e Rede Seg Gráfica e Editora se apresentaram como grupos diferentes. As investigações, porém, descobriram que os sócios das empresas são da família Zanardo.
Além disso, a servidora municipal Mayra Ingrid da Silva, da pasta dos Direitos Humanos e que também é investigada, fez uma pesquisa de mercado que resultou em preço de R$ 4,9 milhões para o certame, um valor superfaturado, segundo a CGM. O edital também exigiu empresas apenas da Grande São Paulo na disputa, “limitando a participação” de concorrentes.
Desde o início das investigações, funcionários da pasta foram exonerados. Na ocasião, o titular da pasta, Eduardo Suplicy, defendeu Cardoso e os demais funcionários suspeitos e chegou a criticar a maneira como as investigações eram conduzidas. Depois, mudou de opinião e defendeu o trabalho da CGM. A situação de Cardoso se agravou com as apurações sobre a Parada Gay. Cardoso nega todas as suspeitas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.