A Prefeitura de São Paulo encontrou um mecanismo jurídico e encerrou na última sexta-feira o impasse em relação à hospedagem e alimentação de cinco equipes que vão participar da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2017, que começa no dia 2 de janeiro. A Secretaria de Governo assumiu o termo de compromisso assinado pela Secretaria de Esportes com a Federação Paulista de Futebol (FPF) e vai cumprir o acordo por meio de um convênio com a SP Turis.
O imbróglio começou por causa de uma suposta fraude na licitação lançada pela Prefeitura para contratar os hotéis para hospedar os times do Goiás, Figueirense, Sete de Setembro-AL, Corissabá-PI e Pérolas Negras, equipe de refugiados do Haiti que tem sede no Rio, durante o torneio. As cinco equipes, além de Portuguesa, Juventus e Nacional, estão nos grupos que serão disputados na capital, com jogos na Rua Javari e no estádio Nicolau Alayon.
O portal UOL foi informado, cinco dias antes do resultado do certame, quais seriam as empresas vencedoras, assim como o preço aproximado que teria sido combinado entre elas em espécie de cartel. Os hotéis San Raphael e Excelsior, ambos no centro de São Paulo, sagraram-se vencedores por R$ 1 milhão.
Ao ser comunicada, a Prefeitura revogou a licitação no 15 de dezembro e, sem tempo hábil para realização de um novo processo, enviou à FPF um pedido de aditamento no termo de compromisso, informando que não teria como arcar com os custos da hospedagem das cinco equipes. A FPF rejeitou de imediato e exigiu uma solução para o impasse.
Uma reunião na última quinta-feira, com participação de representantes da Prefeitura e da FPF, além do futuro secretário de esportes de São Paulo, Jorge Damião, que cuida da transição, apontou que o único caminho era a utilização de um saldo da Secretaria de Governo com a SP Turis. O fim do impasse foi confirmado ao jornal O Estado de S.Paulo pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura na última sexta-feira.
O custo para hospedagem e alimentação das cinco equipes será de R$ 500 mil, valor 50% menor ao que seria pago aos hotéis San Raphael e Excelsior, vencedores da licitação que acabou revogada. A quantia é próxima da paga em 2015, quando o mesmo Excelsior foi o vencedor da licitação e recebeu R$ 550 mil pelos serviços.
Como a SP Turis tem um contrato em vigência com o Holiday Inn, os garotos vão ficar hospedados no hotel que fica próximo ao Pavilhão do Anhembi, localizado no bairro de Santana, região norte da cidade. O Termo de Compromisso com a FPF, que foi assinado pelo então secretário municipal de Esportes, Lazer e Recreação, José de Lorenzo Messina (ele foi exonerado em outubro), prevê ainda custos de lavanderia, transporte e segurança nos estádios onde serão realizados os jogos. A Prefeitura vai cumprir integralmente o acordo.
A FPF, em nota enviada ao jornal O Estado de S.Paulo, disse que “fica satisfeita que a Prefeitura tenha conseguido encontrar uma solução para a hospedagem das delegações. A Copa São Paulo é a maior festa de futebol do País e comemora em grande estilo, em sua final, o aniversário da cidade de São Paulo (no dia 25 de janeiro, no estádio do Pacaembu)”.
O fim do impasse também trouxe um sentimento de alívio para a próxima administração municipal. O prefeito eleito João Doria (PSDB) não desejava começar o ano com um gasto adicional fora do programado no orçamento de Fernando Haddad (PT). O teto que havia sido estabelecido após o cancelamento da licitação era de até R$ 700 mil. A solução encontrada, neste cenário, gerou economia de pelo menos R$ 200 mil.
Além do aspecto financeiro, o temor de Doria era ver a cidade de São Paulo ter a sua imagem arranhada logo nos primeiros dias de sua gestão pela repercussão que o caso poderia ter, principalmente por envolver uma equipe formada por refugiados.
A chegada das delegações dos cinco times a São Paulo está prevista para o dia 1.º de janeiro. As primeiras partidas dos grupos que são sediados na capital serão disputadas no dia 4.