Parentes de Moïse Kabagambe, assassinado brutalmente a pauladas na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em 24 de janeiro, receberam na tarde desta segunda-feira, 7, do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), a concessão do quiosque Tropicália, onde o jovem congolês foi morto. O quiosque contíguo, o Biruta, também será cedido à família, mas somente depois de resolvidas pendências judiciais.
"Esse crime, de tamanha violência, não pode ser tratado como algo normal, corriqueiro em nossa cidade. Não vamos permitir que a barbárie seja normalizada", afirmou Paes, ladeado pela mãe de Moïse, Ivone Lay, e de três irmãos do rapaz: Samy, Kevin e Djodjo. "A nossa cidade repudia esse crime brutal; lamentamos muito a perda de vocês. Sabemos que a morte não pode ser reparada, mas vamos honrar a memória de Moïse, para que ele não seja esquecido."
A ideia é que os quiosques funcionem também como uma espécie de memorial, em homenagem a Moïse e à cultura africana. Samy Kabagambe falou em nome da família e agradeceu ao povo brasileiro pela solidariedade demonstrada após a morte do irmão.
"A gente sabe que isso que aconteceu com o meu irmão não é o coração de todo o povo brasileiro", disse. "Recebemos muitas mensagens de apoio de muitas instituições. Gostaríamos apenas de agradecer a todos."
A Prefeitura informou que irá apoiar a família do congolês na gestão do quiosque, com apoio legal e burocrático, suporte jurídico, reforma do espaço, compra de maquinário e mobiliário, orientação de gerenciamento, além de treinamento para os que forem trabalhar no local. A concessão é válida até 22 de fevereiro de 2030 e, segundo o prefeito, os trabalhos devem começar imediatamente.
Pela manhã, antes do evento na Prefeitura, a família de Moïse foi recebida no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Vinícius Farah, ofereceu à família uma linha de crédito para que eles possam gerir o quiosque. O secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Matheus Quintal, ofereceu proteção à família por meio do programa Provita, que protege vítimas ou testemunhas de crimes.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro, por sua vez, anunciou que vai prestar assistência jurídica à família de Moïse. O órgão vai cuidar da reparação civil aos parentes da vítima. O advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, segue representando a família na ação criminal contra os agressores.