O prefeito Fernando Haddad (PT) disse nesta quarta-feira, 13, que estudos técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) sugerem o fechamento do Minhocão aos sábados somente no período da tarde. Em mais um passo para concretizar a desativação do Minhocão, no centro da capital paulista, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira, 12, um projeto de lei que pretende interditar a via também aos sábados – a interdição já ocorre nos domingos e à noite durante a semana.
Para evitar a sanção parcial ou mesmo o veto, o prefeito afirmou que vai encaminhar o posicionamento da CET antes da segunda votação, ainda sem data para acontecer. “Vamos estudar o caso e levar ao conhecimento da Câmara o posicionamento da CET antes mesmo da segunda votação para evitar de vetar um projeto que pode ser bom para a cidade”, disse. “Em geral, quando é aprovado em primeira votação, logo pedimos para os técnicos, nesse caso, do CET, analisarem com cuidado.”
Haddad disse ter recebido uma comissão de moradores vizinhos ao Minhocão que pediam o fechamento a partir de determinado horário do sábado. “O dia inteiro ninguém reivindicou ainda. Mas a partir da tarde do sábado me parece que a CET tem estudos que caminham nessa direção. Não sei se já foram concluídos porque foram encomendados há algumas semanas”, afirmou.
O consultor técnico e engenheiro de trânsito Alexandre Zum Winkel defende a interdição da via a partir das 14 horas do sábado e diz que o projeto de lei é “com certeza um balão de ensaio para ver qual vai ser a repercussão”. O especialista explica que, aos sábados, o horário entre 10h e 14h é de intensa atividade comercial em todo o centro da cidade.
“O sábado é um dos dias mais críticos de trânsito, não nos grandes eixos de ligação (como o Minhocão), mas de movimentação interna dos bairros. Todos os estudos que fazemos hoje identificam o sábado como o pior congestionamento que estamos tendo. É o dia que as pessoas podem sair para se movimentar, ir ao supermercado e fazer feira”, disse.
De acordo com o engenheiro, se a via fosse interditada aos sábados como prevê o projeto de lei aprovado, a zona oeste seria a mais afetada, além da região central, como Santa Cecília, Marechal Deodoro, além dos comércios da Rua Glete e na região do Terminal Princesa Isabel. “É uma experiência que vai ser válida porque vão começar a ter os resultados se vai ser possível eliminar o Minhocão no futuro”, afirmou.
Winkel é contrário ao bloqueio total do Minhocão para veículos por considerá-lo vital para o trânsito. “Tecnicamente, pelo tráfego ,é inviável retirar. Mas é preciso achar um ponto de equilíbrio. Se também fechasse no sábado à tarde, como no domingo, seria um benefício da cidade para os moradores terem mais sossego nos fins de semana.”
Sérgio Ejzenberg, engenheiro e mestre em Transportes pela Escola Politécnica da USP, é mais radical. Para o especialista em trânsito, a única forma de requalificar a região do Minhocão é a demolição da via. “Estão imaginando o Minhocão como algo fantasticamente fundamental para o trânsito. Não é”, disse.
Caso seja definido o fechamento total aos sábados, Ejzenberg prevê a migração do trânsito para as ruas abaixo do Minhocão. “Se estamos pensando em melhorar aquela região, essa lei não vai mudar nada. Vai ficar pior lá embaixo porque o congestionamento vai ser maior. Vai trazer mais prejuízo ao comércio do que vantagem”, avaliou.