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Prefeitura não paga e empresa interrompe mutirão do emprego em Guarulhos

Preencher vagas de trabalhos existentes nos setores comercial e industrial da cidade era o objetivo do Mutirão do Emprego, proposta implantada pela Secretaria do Trabalho. No entanto, por falta de pagamento a empresa responsável pela operação do projeto, que atendia em média cerca de 500 pessoas por dia, teve de ser interrompido e sem previsão de retorno.
 
Contratada para gerir o Mutirão do Emprego, a VS dos Anjos de Souza, empresa com sede na cidade de Santo André, deixou o projeto por alegar falta de pagamento dos serviços prestados. A iniciativa teve seu começo em setembro do último ano e interrompida em março por problemas financeiros, que afetaram diretamente os mais de 20 colaboradores que trabalhavam diretamente na seleção de profissionais.
 
“Nós que trabalhávamos nesta empresa contratada (VS dos Anjos) como atendentes. Depois que mudou o secretário (saiu Rabih Khalil e entrou Lameh Smile) e ele não deu mais sequência, acredito que houve uma má gestão por parte do novo. Se tivesse feito todos os trâmites, a empresa continuaria", disse Paulo Alves, 22 anos, ex-funcionário da VS dos Anjos de Souza.
 
Em uma área aproximada de 200 metros quadrados e localizada na região central, o Mutirão do Emprego tinha a adesão de 20 empresas da cidade. O contrato formalizado entre as partes era no valor aproximado de R$ 2,6 milhões. A VS executou cerca de R$ 1,1 milhão e não foi ressarcida, segundo informações do Portal da Transparência.
 
De acordo com informações do gerente administrativo da empresa andreense, Jefferson Santos, dos doze meses contratados, a Prefeitura pagou apenas dois deles. A crise se acentuou em março e com isso provocou a paralisação das atividades do projeto. 
 
“Tínhamos um ano de contrato e foi rompido por falta de pagamento da Prefeitura. Este iria até setembro, mas pagaram somente as duas primeiras notas e desde novembro não pagam nada. Começamos em setembro e paralisou em março. Os 30 funcionários assinaram aviso prévio e acabou de vencer e mesmo assim a Prefeitura não acertou com a empresa. Os funcionários ainda aguardam o recebimento das rescisões”, declarou Santos.
 
Sem receber os vencimentos por parte da Prefeitura, a VS segurou a carteira de trabalho dos funcionários e impossibilitou o ingresso dos trabalhadores novamente no mercado, além de não pagar as respectivas indenizações. 
 
“Começou atrasar demais a partir de março, inclusive vale-transporte, alimentação, salário e assim trabalhamos até abril. Em maio chamaram pra assinar aviso (prévio) sem data nenhuma de rescisão. Cumprimos o aviso e seguraram as carteiras de trabalho e só liberam em agosto. Pediram para procurar a justiça e que só iria pagar quando o juiz mandar e a decisão poderia demorar 5 ou 10 anos”, revelou uma ex-funcionária, que pediu para não ser identificada.
 
Já o representante da VS dos Anjos ressaltou que em qualquer ação solicitada a Justiça para a possível solução dos respectivos casos trabalhistas que possam existir, a empresa está amparada e que a Prefeitura é solidária neste processo.
 
“A Prefeitura é solidária em qualquer tipo de processo. Nós somos subcontratados e estamos com as notas atestadas pela secretaria e o próprio governo. Qualquer juiz trabalhista de boa fé vai ver uma ação como essa vai convocar a prefeitura como solidária. A empresa está calçada juridicamente”, encerrou.
 
A reportagem do GuarulhosWeb procurou por telefone o secretário do Trabalho, Lameh Smile, e não conseguiu contato. Também contatamos, via e-mail, a Pasta, mas não obtivemos resposta até o encerramento desta matéria para esclarecer os fatos.