Um importante pregador sunita iraquiano pediu nesta sexta-feira à autoridades de seu país que evitem que as milícias xiitas, que lutam com as forças do país contra extremistas do Estado Islâmico em Tikrit, realizem ataques vingativos contra sunitas na cidade natal de Saddam Hussein.
Em seu pedido, o xeque Abdel Sattar Abdul Jabbar citou relatos a respeito de milicianos xiitas queimando casas de sunitas durante a batalha para reconquistar Tikrit.
Abdul Jabbar disse que se o governo fracassar em interromper os ataques vingativos de milícias xiitas, o país enfrentará novas tensões sectárias, comparadas às registradas no ápice da guerra no país , entre 2006 e 2007.
“Nós pedimos que as ações sigam as palavras e que aqueles que atacam casas em Tikrit sejam punidos”, disse Abdul Jabbar durante seu sermão nesta sexta-feira. “Sentimos muito por aqueles que agem como forma de vingança, pois isso pode dar início a um ódio tribal e se somar a nossos problemas sectários.”
Forças iraquianas entraram em Tikrit pela primeira vez na quarta-feira, a partir do norte e do sul. Nesta sexta-feira, elas travaram violentas batalhas para garantir o bairro de Qadisiyya, no norte, e dispararam morteiros e foguetes na direção do centro da cidade, que ainda é controlado pelo Estado Islâmico. Oficiais militares iraquianos disseram esperar chegar ao centro de Tikrit em dois ou três dias.
As milícias xiitas, apoiadas pelo Irã, têm tido um papel muito importante na reconquista de territórios do Estado Islâmico, dando apoio ao Exército e à polícia iraquianos em combate. O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Martin Dempsey, disse na quarta-feira que cerca de 20 mil milicianos podem estar envolvidos nas operações em vigor em Tikrit.
O primeiro-ministro Haider al-Abadi pediu na semana passada que suas forças protejam civis e suas propriedades em áreas retomadas, prometendo tolerância zero a qualquer tipo de violação às diretrizes. Ele também convocou os sunitas que possam ter saudado os ataques iniciais ou combatido com os militantes a retirarem seu apoio ao Estado Islâmico.
“Eu convoco aqueles que foram enganados ou cometeram erros a baixarem suas armas e se juntarem a seu povo e às forças de segurança para libertar suas cidades”, afirmou Al-Abadi.
O Human Rights Watch disse em 4 de março que documentou “várias” atrocidades contra civis sunitas da parte de milícias pró-governo e forças de segurança depois da retomada de outras cidades que estavam sob controle de militantes do Estado Islâmico. Fonte: Associated Press.