O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou nesta segunda-feira, 31, nas redes sociais que deve buscar um acordo para formar uma coalizão e continuar liderando o país após a posse do novo Parlamento, dia 17. "É hora de traduzir nossa maioria social em maioria parlamenta", afirmou o premiê em sua conta no X, antigo Twitter.
A Espanha vive um impasse político. Na eleição de 23 de julho, o Partido Popular (PP), de centro-direita, foi o mais votado. O Partido Socialista (PSOE), de Sánchez, ficou em segundo. Os dois blocos políticos, direita e esquerda, no entanto, não conseguiram os 176 deputados para formar um governo no Parlamento.
O bloco de esquerda parecia ter o caminho mais fácil para formar uma coalizão, já que conta com o apoio de partidos nacionalistas regionais, que rejeitam entrar em um governo do PP em aliança com o Vox, de extrema direita.
<b>Catalunha</b>
Mas, no fim de semana, após a apuração dos votos de espanhóis que vivem no estrangeiro, o PP ganhou uma cadeira do PSOE. Agora, os blocos de esquerda e direita ficaram empatados, ambos com 171 cadeiras. O fiel da balança ainda é o Junts, partido nacionalista catalão liderado por Carles Puigdemont, que exige uma anistia aos líderes separatistas para hipotecar seu apoio a Sánchez no Parlamento.
Se Puigdemont pisar na Espanha, será preso. Ele vive refugiado na cidade de Waterloo, na Bélgica, onde exerce mandato de eurodeputado. Ele é procurado na Espanha desde uma tentativa frustrada de declarar a independência da Catalunha, em 2017.
Em junho, Puigdemont chegou a dizer que Sánchez não continuaria no poder "com os votos dos Junts". Mas, no sábado, ele condicionou seu apoio ao socialista à negociação de uma resolução do "conflito entre a Catalunha e Espanha".
Após as declarações de Sánchez, o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, afirmou que não aceitará que os eleitores que votaram na centro-direita se tornem minoria na Espanha. "Como vencedor das eleições, meu dever é ouvir os demais partidos. Não vou aceitar que convertam metade dos espanhóis em minoria. Marginalizar milhões de cidadãos não é formar maioria, mas sim dividir o país", disse.
No domingo, 30, Feijóo havia pedido a Sánchez uma reunião urgente para que os dois discutam sobre o futuro do Parlamento espanhol, mas o atual primeiro-ministro adiou qualquer encontro para depois do dia 17, após a posse do novo Congresso.
"O problema do PP é que ele precisa do apoio do Vox para governar. Mas os partidos regionais não apoiarão um governo que inclua a extrema direita, que geralmente os rotula de inimigos da Espanha", disse Antonio Barroso, analista da consultoria Teneo.
Se nenhum dos dois blocos conseguir maioria, a Espanha será obrigada a repetir eleições, provavelmente no fim do ano, como aconteceu em 2016 e 2019. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>