O primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, defendeu ontem a criação de um Estado palestino em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU. Foi a primeira vez em anos que um líder de Israel foi tão longe em um discurso nas Nações Unidas. "Um acordo com os palestinos, com base em dois Estados para os dois povos, é a coisa certa para a segurança de Israel, para a economia de Israel e para o futuro de nossos filhos", disse.
O teor do discurso de Lapid, antecipado pelo jornal<i> Times of Israel</i> na quarta-feira, deixou muita gente em Israel de olhos arregalados. Ele foi apoiado por alguns aliados à esquerda, mas irritou ministros à direita de sua cada vez mais instável coalizão de governo, cujo futuro deve ser decidido em novembro, na quinta eleição em quatro anos.
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A reação reforça a fragilidade da declaração do primeiro-ministro, cuja viabilidade na prática hoje é altamente improvável. A ministra do Interior, Ayelet Shaked, afirmou que Lapid fala por si mesmo, não pelo governo, e disse que ele não tem legitimidade para representar Israel quando as questões em jogo podem prejudicar o país.
Lapid fez a ressalva que qualquer acordo estaria condicionado a um Estado palestino pacífico, que não ameaçaria Israel, praticamente repetindo o que defende o presidente dos EUA, Joe Biden. Mesmo assim, não adiantou. O ex-primeiro-ministro Naftali Bennett escreveu que não há "lógica nenhuma na ideia de um Estado palestino hoje".
"É preciso dizer com todas as letras: não há espaço para outro país entre o Mediterrâneo e o Rio Jordão. Não só por causa de nosso direito à terra, mas também porque não há possibilidade de uma negociação diplomática com os palestinos."
Lapid também não encontrou muito entusiasmo na Cisjordânia. Líderes da causa palestina reagiram com ceticismo ao discurso do premiê. Wasel Abu Youssef, membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), afirmou que as palavras do israelense "não significam nada".
IRÃ. Mas o discurso de Lapid na ONU não se restringiu à questão palestina. Ele também atacou o Irã, reafirmando a determinação de Israel de impedir que os iranianos obtenham uma arma nuclear. "A única maneira de impedir o Irã de obter uma arma nuclear é colocar uma ameaça militar convincente na mesa", disse o premiê. "Temos as ferramentas e não temos medo de usá-las." (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>